Base aliada garante apenas 60% dos votos para mudar Previdência

O governo ainda está longe de alcançar os votos necessários para alterar as regras previdenciárias. De acordo com estimativa feita pelo site Poder360, apenas pouco mais da metade das maiores siglas aliadas a Temer atualmente votaria favoravelmente à PEC 287/16. Isso significa que, dos 293 deputados – dos oito partidos governistas com mais de 15 cadeiras na Câmara – apenas 170 votariam com o governo, segundo líderes ou vice-líderes dessas bancadas. Ou seja, menos de 60%.

Temer - Reprodução da Internet

A “taxa de fidelidade”, no entanto, varia de acordo com cada partido. PMDB e DEM, por exemplo, estimam que mais de 2/3 dos congressistas acompanhariam o Planalto. Dizem que o número pode aumentar nas próximas semanas.

Já o PR afirma que o apoio é reduzido – apenas três dos 38 deputados – e defende que o projeto nem seja pautado.

Nas siglas consideradas indefinidas – nem governo, nem oposição – a situação é pior. O PPS é um exemplo. O partido do relator do projeto, Arthur Maia (BA), diz que a tendência é dar menos da metade de seus votos. No PHS, com sete deputados, só um (Marcelo Aro) tende a acompanhar o governo.

Ainda que menores, juntos, esses partidos constituem uma força considerável. Muitos, inclusive, faziam parte da base de apoio ao Planalto até pouco tempo.

É o caso do PSB, que desembarcou do governo em maio. Embora ainda conte com uma ala ligada a Michel Temer, a tendência é de um afastamento cada vez maior na pauta do presidente. De acordo com o líder, Júlio Delgado (MG), apenas três dos 33 deputados da legenda votariam pelas mudanças propostas.

Ainda assim, a expectativa do governo é votar a matéria no próximo dia 6. Para tanto, o Planalto vem investindo, como de praxe, em regalos para convencer seus aliados.

Um jantar foi oferecido na última semana para tentar mudar votos. Na ocasião Arthur Maia apresentou uma proposta vendida como mais “enxuta” da PEC da Previdência. No entanto, a festa que deveria contar com, pelo menos, 300 parlamentares, teve adesão de menos da metade. Os presentes contavam 100 deputados, enquanto o Planalto divulgou que 200 compareceram – apesar de imagens do local confirmarem muitas mesas vazias.

Além do banquete, Temer continua mirando nos benefícios da bancada ruralista. Para garantir votos deste importante grupo, a Câmara convocou sessão para esta segunda-feira (27) para tentar concluir a votação da Medida Provisória do Funrural. Isso porque a medida, que alivia dívidas previdenciárias de produtores rurais, caduca na terça-feira (28) e, caso não seja aprovada, pode resultar na mudança de apoio dos ruralistas a Temer em votações de interesse do governo.

Para mudar as regras para a aposentadoria, Temer precisa de, no mínimo, 308 votos, em dois turnos, favoráveis ao texto.