O entreguismo e a corrupção andam de mãos dadas

 O Brasil é um “celeiro” de riquezas naturais, desde a madeira – onde se destacou o pau-brasil, passando pelo cobre, ouro, prata, pedras preciosas, ferro, alumínio, nióbio. E essas riquezas poucas vezes na nossa história serviram aos mais necessitados. Pelo contrário: estes, mais pobres e dominados pela força ou pela “lei”, sempre serviram de mão de obra barata ou escrava para as classes dominantes acumularem essas riquezas em seu benefício, muito além do necessário para manter suas vidas abastadas.

 Marco Aurelio da Silva (Marco Taquil)*

Desde os colonizadores portugueses e os escravagistas, até chegar à nossa submissa burguesia nacional, nos tempos de hoje, as riquezas naturais sempre serviram tanto para acumulação pessoal, como moeda de troca em negócios escusos e espúrios. E isto se repetiu ao longo de toda a nossa história.

Seguindo a máxima do “quem desdenha quer comprar”, desde a importante descoberta do pré-sal, as classes dominantes “desdenham”. Fosse através da “grande mídia”, fosse através de seus representantes nos diversos níveis de governo, questionavam o tamanho das reservas e a impossibilidade de sua exploração.

Questionavam, também, o “alto custo” de extração, a grande profundidade e a dificuldade técnica para sua produção. Falavam que era “ficção”, propaganda política, entre outros absurdos. Porém, depois do pesado investimento e de vários anos de pesquisa, desenvolvimento das técnicas de perfuração – muito difícil realmente, mas hoje totalmente dominado pelos técnicos da Petrobrás, do mapeamento da gigantesca extensão dos reservatórios e do desenvolvimento de seu enorme potencial produtivo, a Petrobrás já tem a maior parte de sua produção de petróleo e gás na nova fronteira do pré-sal, superando o volume de produção dos antigos campos de terra e do pós-sal offshore. As enormes reservas do pré-sal e seu grande potencial, com poços que chegam a produzir mais de 30.000 barris por dia (30.000 bpd) de óleo leve, atraíram o interesse das petroleiras estrangeiras. As “sete irmãs”, famosas por fomentarem guerras ou golpes políticos e militares por todo o mundo para a apropriação do petróleo dos países mais pobres, colocam sua sanha de rapina em busca de nossa imensa riqueza. 

E melhor: conquistam tudo sem dar nenhum tiro, sem invasão e sem guerras. Para isso, contaram, e contam, com a colaboração dos políticos e governantes entreguistas do nosso país. Estes, por sua vez, colocaram um representante “do mercado” na presidência da empresa. Todos estes políticos, a burguesia nacional e o governo, mais uma vez com negociatas escusas e mal explicadas, se colocam à serviço do capital estrangeiro. 

Por um lado, criam leis que facilitam as apropriações e a entrega das riquezas. Por outro lado, através da ação falsificada de “salvação da empresa”, fazem negociatas que vão contra qualquer regra do próprio mercado:

– Dizem que “a concorrência é boa para a Petrobrás” e para isso, favorecem a ‘venda’ de campos e reservatórios já mapeados e provados por preços ridiculamente aviltados para empresas privadas e até para estatais estrangeiras;

– Devolvem um campo com enorme potencial produtivo, com potencial de produção de mais de 50.000 bpd, com a desculpa de que seria “um enorme desafio tecnológico” produzir em alta pressão;

– Vendem dutos construídos e em uso permanente pela PETROBRÁS (o que já seria um contrassenso) por um preço que em menos de dois anos será “devolvido” na forma de “aluguel” dos mesmos dutos para uso.

Desta forma, vão destruindo paulatinamente a Petrobrás. Empresa fomentadora do desenvolvimento nacional, geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, fruto da luta histórica do povo brasileiro contra exatamente as grandes petroleiras mundiais, que afirmavam que no Brasil não havia petróleo, e contra os políticos entreguistas, hoje, como sempre, corrompidos pelo capital estrangeiro para a entrega de nossas riquezas. E não só o petróleo.