Evento de mulheres capoeiristas debate questões de gênero

O portal Brasil de Fato informa que o Grupo Nzinga de Capoeira Angola realiza, entre os dias 15 e 20 de novembro, a sétima edição do evento “Chamada de Mulher”, onde mulheres capoeiristas discutem aspectos de invisibilidade dos processos de dominação. A atividade pretende refletir sobre as questões de gênero dentro e fora do universo da capoeira e tem como tema Corpos em Jogo.

capoe - Arquivo Nzinga

Com uma programação extensa, os seis dias de atividade contarão com rodas de conversa sobre feminismo, sobre relações de gênero e terá exibições de filmes, atividades de danças e aulas de capoeira.

Realizado pelo grupo Nzinga de Capoeira Angola, o evento integrará capoeiristas de vários grupos e coletivos de diversos estados do Brasil e de outras partes do mundo. Todos os espaços serão coordenados por mulheres.

Mestra Janja, do grupo Nzinga e uma das organizadoras do evento, explica que o Chamada de Mulher dá continuidade a uma série de processos de organização de luta que vêm sendo realizados por mulheres nos últimos 20 anos no interior da capoeira.

“O que está em jogo é discutirmos tradição, resistência e, portanto, chamar atenção ao fato de que a capoeira também deve se comprometer com essas bandeiras de luta que envolve a autonomia das mulheres, assim como elas se envolvem com outras bandeiras em defesa dos direitos das pessoas negras e da classe trabalhadora."

Diversos ícones da cultura popular, como as mestras Paulinha, também do grupo Nzinga; Cristina, do Mocambo de Aruanda; Elma, do Nzambi, e Beth Belli, do Ilú Obá de Min, estarão presentes na atividade, que este ano traz o lema “Corpos em Jogo”, ao buscar levantar provocações e responder a questão: o que está em jogo quando estes corpos estão em cena?

Mestra Janja fala sobre a relevância do tema: “Pensar o corpo é pensar a descolonialidade do poder e do conhecimento, entendendo que o corpo é um espaço sagrado e consagrado ao acolhimento desses saberes, seja aqueles conhecimento que lhes dão autonomia ou aqueles que lhes violentam”.

Ela também ressalta a importância da presença e da força das mulheres nas culturas populares. “As mulheres são detentoras de grande parte dos legados culturais do nosso país. E infelizmente sobre elas se mantêm jogada uma cortina que as inviabilizam nesses processos" , e aponta a necessidade de se dar maior visibilidade às mulheres como forma de romper com os processos de dominação.

"Nos cabem, então, refletir os processos que as inviabilizam, e ao fazermos isso buscar traduzir em importância para aquela própria cultura o quanto todo mundo ganha e o quanto a sociedade ganha se esses aspectos de invisibilidade, que são processos de dominação, se eles são quebrados e rompidos.”

SERVIÇO:
Evento Chamada de Mulher
Dias 15 a 20/11
Sede do grupo INzinga (Rua dos Cariris, número 13 – Pinheiros/São Paulo/SP