Quito pede saída de embaixador argentino que ofendeu equatorianos

O governo do Equador voltou a pedir nesta terça-feira (7) a Buenos Aires que tire de sua embaixada em Quito o embaixador Luis Jues, que se envolveu em uma polêmica após dizer, a uma emissora de rádio argentina, que iria trocar de roupa para não parecer um “imundo” que “adquiriu hábitos equatorianos”.

Luis Juez - Divulgação

“O pedido é consequência das expressões ofensivas e segregacionistas proferidas contra o povo otavalenho e contra todos os equatorianos, as mesmas que causaram profundo mal-estar e decepção por vir do mais alto representante diplomático de um país amigo, como é a Argentina”, afirmou, em nota, o vice-chanceler Rolando Suárez.

A polêmica começou no final de outubro, quando Jues falou a uma emissora de seu país natal. “Estive desde as 7:45 da manhã na escola San José (…). Cheguei há meia hora, tomei um banho, coloquei um casaco e uma camisa, porque não queria estar com a roupa de hoje de manhã, porque vão dizer: este imundo que se vê adquiriu hábitos equatorianos”, disse, no último dia 22.

Com a repercussão, o embaixador, que é ex-senador pela província de Córdoba, disse que sua fala havia sido “descontextualizada”, e tentou explicar a frase dando outro exemplo – que só tornou a situação pior.

Segundo Juez, um dos hábitos “mais conhecidos é o do povo Otavalo. Eles se vestem na manhã de sábado e ficam todo o final de semana com a mesma roupa. Me referia a isso, para não estar todo o dia com o mesmo vestuário, passei em casa para me trocar”, afirmou.

A Chancelaria equatoriana reagiu e convocou o encarregado de negócios da Argentina em Quito, Carlos Catella, para pedir explicações – Juez não estava no país. No dia 27, o embaixador equatoriano em Buenos Aires também comunicou o governo argentino de que a administração de Lenín Moreno queria Juez fora do Equador.

A Argentina enviou um comunicado aos equatorianos pedindo desculpas pelas declarações, mas não tirou Juez do posto. O embaixador disse que não vai renunciar.

Diante da reação de Buenos Aires, a chancelaria equatoriana voltou a pedir a saída de Juez. “Essa conduta não é compatível com o respeito e as mútuas considerações que tradicionalmente mantêm ambos Estados e seus respectivos povos”, afirmou o Ministério de Relações Exteriores em nota.