Samuel Pinheiro: Acordo com EUA sobre Alcântara é 'cessão de soberania'

Em artigo ublicado em sua página nas redes sociais, o ex-embaixador e ex-ministro de Assuntos Estratégicos Samuel Pinheiro Guimarães afirma que o interesse dos Estados Unidos nas instalações da base de lançamento de foguetes de Alcântara não está ligado ao lançamento de satélites, mas "ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania".

Samuel Pinheiro - Reprodução

Samuel reforça que o interesse norte-americano está longe de ser científico, pois possuem bases de lançamento de foguetes em seu território nacional, como em Cabo Canaveral, que são "perfeitamente aparelhadas com os equipamentos mais sofisticados, para o lançamento de satélites".

"O objetivo principal norte americano é ter uma base militar em território brasileiro na qual exerçam sua soberania, fora do alcance das leis e da vigilância das autoridades brasileiras, inclusive militares, onde possam desenvolver todo tipo de atividade militar".

Segundo ele, se os Estados Unidos se instalarem em Alcântara, "de lá não sairão, pois de lá poderão “controlar” o Brasil, “alinhando” de fato e definitivamente a política externa brasileira e encerrando qualquer possibilidade de exercício de uma política externa independente".

Ele destaca que os EUA possuem mais de 700 bases militares terrestres fora de seu território nacional nos mais diversos países, em muitas das quais instalaram armas nucleares e sistemas de escuta da National Security Agency (NSA).

"A localização de Alcântara, no Nordeste brasileiro, em frente à África Ocidental, é ideal para os Estados Unidos do ângulo de suas operações político-militares na América do Sul e na África e de sua estratégia mundial, em confronto com a Rússia e a China", reforça.

Para ele, o governo de Michel Temer tem contribuído com os intentos norte-americanos, pois sua política atende a todas as reivindicações históricas dos Estados Unidos feitas ao Brasil "não só em termos de política econômica interna (abertura comercial, liberdade para investimentos e capitais, desregulamentação, fim das empresas estatais, em especial da Petrobras etc.) como em termos de política externa".

"Nesta política geral do governo Temer, o acordo com os Estados Unidos para a utilização da Base de Alcântara configura o caso mais flagrante de cessão de soberania da história do Brasil", enfatiza.