Marcha histórica de 23 km da ocupação do MTST mostra a força do povo

Mais de 10 mil pessoas já participam da marcha histórica da ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A marcha, que começou às 7h desta terça-feira (31), reivindica a desapropriação do terreno ocupado em São Bernardo do Campo para a construção de moradias populares e tem como destino a sede do governo do estado de São Paulo, o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.

Por Verônica Lugarini*

Marcha MTST - Mídia Ninja

Tamanha é a grandeza da marcha da Ocupação Povo Sem Medo que os olhos não conseguem enxergar e as câmeras não conseguem captar seu fim. A extensão e o número de pessoas que participam do ato é enorme. A força do povo toma as ruas de São Paulo na luta pela dignidade de se ter um teto para morar. Esse é o objetivo dos integrantes do MTST nesta terça-feira (31). 

Mesmo após as ofensivas e a censura do prefeito tucano Orlando Morando, ao proibir o show de Caetano Veloso na ocupação nesta segunda-feira (30), a luta por moradia resiste e se intensifica em uma marcha história de 23 quilômetros da ocupação do MTST.

“Vamos chegar no final da tarde no Palácio dos bandeirantes para reivindicar e cobrar moradia do governo Alckmin. Cobrar que desapropriem o terreno da Ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo, terreno que estava abandonado há 40 anos, em que o proprietário de uma construtora deve mais de R$ 500 mil de IPTU. Há dois meses, milhares de famílias que não têm mais condições de pagar aluguel, que são afetadas pelo desemprego e pela crise ocuparam esse terreno por não ter alternativa e hoje marcham, em uma grande e bela marcha, que vai até o Palácio dos Bandeirantes”, disse Boulos em transmissão ao vivo no Facebook do MTST.

Por volta das 11h desta terça os integrantes e apoiadores do movimento já haviam andado 12,5 km dos 23 km até o Palácio dos Bandeirantes para reivindicar a continuidade das políticas públicas voltadas para habitação ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O ato fará uma breve parada na ponte do Morumbi, por volta das 13h30, para se juntar aos outros membros do MTST, aos aliados e solidários do movimento. Com esse encontro, a marcha deve passar de mais de 20 mil participantes.

Segundo Boulos, além da desapropriação do terreno de São Bernardo para a construção de moradias populares, o MTST irá cobrar de Alckmin a retomada de política habitacional no estado de São Paulo que está parada por conta da falta de recursos federais. Entre elas, há terrenos do CDHU já com alvará para a construção de moradia que estão com as obras paradas, há também a Casa Paulista, um investimento do governo do estado, que também está parada.

“Iremos cobrar o pacote completo para habitação no estado de São Paulo. Essa ação parte da ocupação de São Bernardo, mas que também envolve todo o estado e todo o povo”, disse o coordenador do MTST.

Ocupação Povo Sem Medo

Milhares de famílias vem mostrando há dois meses o poder da união, da organização e da autogestão na luta por moradia. São mais de 8 mil famílias que ocupam o terreno – de 70 mil m² na rua João Augusto de Souza – abandonado há mais de 40 anos pela construtora MZM. Para além da ociosidade do local, a construtora deve mais de R$ 500 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Soma-se a isso, o contexto de crise, desemprego e, especulação imobiliária. Apenas em São Bernardo do Campo o déficit habitacional é de 90 mil famílias.

“Com o agravamento da crise social e o desemprego, milhares de pessoas não têm como pagar aluguel e isso enxuga o orçamento. Por isso, a ocupação não é uma escolha, é uma falta de escolha. Ela funciona como um grito de resistência contra uma situação que coloca em cheque o direito à moradia na cidade”, explicou Guilherme Boulos, coordenador do MTST, em entrevista ao Portal Vermelho.

Veja abaixo mais fotos da grande marcha: