Aliados cobram a fatura de Temer e fazem ameaças

Depois de prometer o que não tinha para engavetar a denúncia e barrar as investigações por lavagem de dinheiro e obstrução à Justiça, a fatura está na mesa do governo Michel Temer, que é pressionado a cumprir o trato.

Michel Temer - Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

A principal cobrança é do chamado Centrão – formado por 13 partidos conservadores, que vão do PP ao PSD –, que ameaça derrotar o governo em votações até de medidas provisórias no plenário da Câmara, caso o governo não dê início à reforma ministerial.

“Segundo relatos, o próprio Temer já foi advertido que, caso não haja uma reforma ministerial em novembro, o governo corre o risco de ser derrotado até mesmo na votação das medidas provisórias do ajuste fiscal. Em conversas antes da votação da segunda denúncia, Temer havia sinalizado disposição para diminuir o espaço do PSDB no governo”, disse o colunista do G1 Gerson Camarotti.

Segundo ele, a cirurgia de Temer para raspagem na próstata serviu também para diminuir a pressão dos aliados. Temer ficará afastado até esta quarta-feira (1º) e vai usar esse tempo para tentar achar uma boa desculpa e pacificar a base.

“Não dá para colocar a faca no pescoço do Temer. Até porque ele está em recuperação de uma intervenção cirúrgica. É preciso moderação. A reforma ministerial é um tema complexo, que precisa de mais tempo para que não haja sequelas na base aliada”, afirmou um interlocutor de Temer.

Desde a votação da primeira denúncia, os partidos da base aliada do governo estão cobrando o seu preço. Algumas promessas já não foram cumpridas naquele período, por isso, as legendas elevaram a pressão por cargos ocupados por “infiéis”, principalmente do PSDB, que votou rachado.

Além de travar as medidas provisórias do pacote de ajuste fiscal, o Centrão ameaça travar a discussão da reforma da Previdência. O governo já não tem esperança de que o texto seja debatido e aprovado ainda este ano. Além disso, os aliados já falam em “reforma possível”, ou seja, o texto não seria aprovado como foi enviado, apenas alguns pontos.

O principal alvo das reclamações é o PSDB, que ocupa quatro ministérios e cargos em escalões inferiores, mas entregou menos da metade de seus 46 votos a favor do governo nas duas votações.

Os partidos da base afirmam que, se não forem atendidos, vão interditar o debate sobre a reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou que o governo deve reequilibrar as forças e se reorganizar, caso contrário, nada vai passar no Congresso.