Temer não tem moral para questionar eleições na Venezuela, diz Maduro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que seu homólogo do Brasil, Michel Temer, “não tem moral” para falar de eleições, já que assumiu o cargo por meio de um golpe parlamentar. O Brasil, junto com outros países que compõem o chamado “Grupo de Lima”, não reconheceu os resultados do último pleito regional na Venezuela, realizado na semana passada, e pediu uma auditoria nos números.

Nicolás Maduro - Efe

"Sai o presidente não eleito do Brasil a dizer que vai liderar uma auditoria internacional contra o processo eleitoral. Tem moral o presidente golpista do Brasil para vir auditar o processo eleitoral da Venezuela? Daqui da Venezuela, dizemos: Fora, Temer!", disse Maduro durante a posse do novo governador do estado de Miranda, Héctor Rodríguez.

As reações internacionais de reprovação aos resultados da eleição vêm após o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) conquistar 18 dos 23 Estados em disputa, tirando alguns deles das mãos da oposição – que fala em fraude. Observadores internacionais, no entanto, atestaram a validade do processo eleitoral.

Estados Unidos

Maduro também criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, que disse na quarta-feira que os EUA enfrentam uma “opressão socialista” por parte do governo venezuelano.

“Agora sou eu quem oprime o povo dos Estados Unidos. Nunca antes um presidente dos EUA havia dito essa quantidade de ataques e loucuras contra um presidente legítimo de Venezuela, nunca, em 200 anos”, afirmou.

“Se o império me ataca desta forma, é porque estou cumprindo minha missão, fazendo meu trabalho, estou sendo leal aos princípios da pátria e de um povo que merece a proteção do seu governo”, prosseguiu.

Costa Rica e Canadá

Além do Grupo de Lima, Costa Rica, Canadá e Estados Unidos também fizeram declarações de que não reconhecem os resultados. O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse nesta quinta que San José “demonstra submissão vergonhosa aos EUA” ao atacar o processo eleitoral comandado por Caracas.

“Com seu insolente comunicado, a chancelaria da Costa Rica demonstra arrogância e ignorância absoluta sobre a realidade política venezuelana. A Costa Rica denota submissão vergonhosa ao prestar-se como instrumento do governo estadunidense para atacar a democracia venezuelana”, afirmou.

Arreaza disse que a baixa popularidade do presidente costa-riquenho Luis Guillerme Solís torna impossível que o governo do país consiga “emular vitórias eleitorais como as da Revolução Bolivariana”. “Quisera o governo da Costa contar com o contundente respaldo popular com que conta a Revolução Bolivariana na Venezuela”, prosseguiu.

Na terça (18/10), Arreaza entregou pessoalmente ao encarregado de negócios do Canadá na Venezuela, Craib Kowalik, uma carta em que protesta contra o que Caracas chama de “ingerência” de Ottawa nos assuntos internos do país.

A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, havia afirmado em um comunicado que seu país "está muito preocupado com as ações do regime venezuelano para dificultar a realização de eleições livres e justas, especialmente via o controle anticonstitucional do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Na resposta, Arreaza disse que “o governo bolivariano jamais se meteu nos assuntos internos dos canadenses”. O presidente Nicolás Maduro chamou para consultas o embaixador venezuelano no Canadá, Wilmer Barrientos, em um gesto considerado de alta voltagem diplomática.