Espanha e Catalunha: portas fechadas ao diálogo

Na Espanha aconteceu neste sábado (21) o que o principal dirigente da Izquierda Unida, Alberto Garzón, temia: ao aplicar artigo 155 da Constituição espanhola e afastar as autoridades independentistas do governo da Catalunha, o governo do direitista Mariano Rajoy, dá as costas ao diálogo e pode aprofundar a crise.

Por José Carlos Ruy

Alberto Garzon
Garzón não aceita a declaração unilateral de independência da Catalunha. Mas também rejeita a forma truculenta e autoritária do governo de Javoy para enfrentar a crise. “A aplicação do artigo 155 não ajudará, em absoluto” declarou premonitoriamente, nesta quinta-feira (19), dois dias apenas antes de sua aplicação pelo governo espanhol.

Declarando-se “absolutamente crítico” da rota independentista, acusa o governo de Madrid de tornar os problemas ainda mais agudos. E defende a democracia e a uma nova Espanha, que seja federal e respeite as autonomias regionais, favorecendo a unidade e que “satisfaça as necessidades sociais”.

As medidas adotadas pelo governo de Mariano Rajoy não favorecem ao diálogo, critica ele – que vê limitação semelhante nos dirigentes independentistas da Catalunha. Ambos são surdos ao diálogo e este é o grande obstáculo a ser superado, pensa Garzón . Obstáculo que pode agravar a crise, aprofundar o independentismo entre os catalãos, e não apontar para sua resolução.

O governo de Javoy anunciou a decisão de destituir o governo catalão, e a pretensão de realizar eleições em seis meses. Neste período o Parlamento regional continua funcionando, embora sob controle de Madri. As medidas precisam ser aprovadas pelo Senado espanhol.

“Um processo de diálogo, inclusive em circunstâncias como estas, exigirá maior participação do conjunto das forças políticas”. E a atitude beligerante do governo não aponta para isso, avalia ele