Os grandes filmes da Mostra de Cinema dirigidos por mulheres 

A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou na quinta-feira (19) e irá até o dia 1º de novembro. Estima-se que 28% do conteúdo da programação é composto por filmes dirigidos por mulheres

Por Alessandra Monterastelli *

Agnes Varda

Alguns dos destaques são “Nico 1988”, de Susanna Nichiarelli, melhor filme da seção Horizontes do Festival de Veneza, e “Esplendor”, de Naomi Kawase, agraciado pelo júri ecumênico de Cannes. Além desses os filmes “As Boas Maneiras”, da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, premiado em Locarno e ganhador do Festival do Rio e “Açúcar”, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, entre muitos outros.

A cineasta Agnes Varda ganhará uma homenagem nessa edição da mostra: serão exibidos 11 filmes da diretora belga. Em novembro ela receberá um Oscar pelo conjunto de sua obra, além de ser homenageada aqui no Brasil com o prêmio Humanidade, dado pela Mostra aos cineastas criadores de obras que refletem questões humanísticas.

Além disso, segundo o portal Mulher no Cinema, o festival exibirá seu filme mais recente, intitulado “Faces Places”, selecionado por Cannes e Toronto e dirigido em parceria com o fotógrafo e muralista J.R..

Os 11 filmes de Agnes que serão exibidos são: “As Cento e Uma Noites”, “Cléo das 5 às 7”, “Daguerreótipos”, “As Duas Faces da Felicidade”, “Jacquot de Nantes”, “Jane B. por Agnès V.”, “La Pointe Courte”, “Os Renegados”, “O Universo de Jacques Demy”, “Uma Canta, a Outra Não” e “Visages, Villages”.

Os filmes das diretoras selecionados para o festival têm uma enorme variedade de temas e estilos de filmagem. Tem longas mais sensíveis ou políticos, desde suspenses até comédias, passando por drama e ação. Diversos documentários (sobre a jornada de refugiados, ou contando sobre a vida de grandes mulheres); inúmeras películas tratam de empoderamento feminino.

Confira a seguir uma lista com 10 filmes selecionados pelo Portal Vermelho que são dirigidos por mulheres e que serão exibidos na 41º Mostra de Cinema de São Paulo:

                                      

– “1917 – O Outubro Real” (Suíça, 2017): O lugar é São Petersburgo; o ano, 1917: no mês de outubro, os bolcheviques assumem o governo na Rússia. Mas o que poetas, pensadores e vanguardistas como Máximo Gorki e Kazimir Malevich estão fazendo durante essa mudança drástica de poder? É o que busca responder o documentário dirigido pela cineasta Katrin Rother.

                                      

– “Açúcar” (Brasil, 2017): Bethânia retorna ao local onde um dia funcionou o engenho de açúcar que foi propriedade de sua família. Lá, encontra fotos antigas, contas a pagar, trabalhadores que reivindicam direitos sobre a terra, criaturas fantásticas e as ameaças que vêm do passado e do futuro. Dirigido pela cineasta Renata Pinheiro, em parceria com Sérgio Oliveira.

                                      

– “A Arte de Amar” (Polônia, 2017): A famosa ginecologista Michalina Wisłocka (1921-2005) escreveu o revolucionário livro A Arte de Amar. Mas a jornada foi longa antes que a obra se tornasse um sucesso e transformasse a sexualidade na Polônia sob o comunismo. Dirigido por Maria Sadowska, o filme conta a história da publicação e da revolução sexual no país.

                                     

– “Vênus” (Dinamarca e Noruega, 2017): Neste documentário de Lea Glob e Mette Carla Albrechtsen, duas diretoras buscam mulheres para participar de um filme erótico baseado em suas experiências sexuais. Cem mulheres aparecem para a pesquisa de elenco e, aos poucos, as personagens passam a controlar as entrevistas com suas histórias pessoais e muita honestidade.

                                      

– “Scary Mother”(Geórgia, 2017): Ganhador do prêmio de melhor longa de estreia em Locarno, é centrado em Manana (Nato Murvanidze), mulher cansada dos afazeres domésticos que começa a escrever um thriller erótico. Quando o marido, Anri, lê a obra, sente que sua zona de conforto está ameaçada. Dirigido por Ana Urushadze, e o candidato da Geórgia ao Oscar de filme estrangeiro.

                                      

– “Sarah Interpreta um Lobisomem” (Alemanha, 2017): No palco, Sarah, 17 anos, dá o máximo de si e se transforma completamente no personagem que interpreta. Mas quais mentiras se escondem em sua presença radical em cena? Quanto mais a jovem buscar revelar seu segredo, mais afasta as pessoas que estão dispostas a se aproximar dela. Dirigido por Katharina Wyss.

– “Respiro” (Irã, 2016): O filme de Narges Abyar narra a revolução iraniana do final da década de 1970 (que levou à queda do Xá Mohammad Reza Pahlevi e à ascensão ao poder do aiatolá Ruhollah Khomeini) do ponto de vista de uma menina, Bahar. Para sobreviver ao caos e à violência ao seu redor, ela cria seu próprio mundo de fantasia. Candidato do Irã ao Oscar de filme estrangeiro.

– “Quem É Bárbara Virgínia?” (Portugal e Brasil, 2017): O documentário acompanha a diretora Luísa Siqueira na busca para entender quem foi Bárbara Virgínia (1923-2015), primeira cineasta portuguesa a realizar um longa, única mulher a fazer um filme na ditadura de seu país e primeira mulher competindo na edição de estreia do Festival de Cannes, em 1946. Nos anos 1950, Bárbara se mudou para São Paulo.

– “A Poetisa” (Arábia Saudita, 2017): Hissa Hilal, uma poetisa de 43 anos e ativista da Arábia Saudita, testa seus limites na luta diária por mudanças. Ela ganhou fama internacional no Million’s Poet, um prestigiado concurso de Abu Dhabi, com poemas críticos ao terrorismo e às ideologias de islâmicos fanáticos. Documentário dirigido por Stefanie Brockhaus e Andreas Wolff.

– “Marlina, assassina em Quatro Atos” (Indonésia, França, Malásia e Tailândia, 2017): Em uma ilha na Indonésia, Marlina, uma jovem viúva, é atacada e roubada. Para se defender, mata vários homens da gangue e inicia uma jornada de empoderamento e redenção. Mas o fantasma de sua vítima sem cabeça começa a assombrá-la. Direção de Mouly Surya.