Blairo sobre portaria encomendada por ruralistas: Só temos a comemorar

Enquanto diversos órgãos ligados ao combate ao trabalho escravo e entidades dos movimentos sociais classificam a portaria editada por Michel Temer sobre o trabalho escravo como um retrocesso, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta terça-feira (17), que a medida é motivo de comemoração.

Temer e Blairo Maggi - Foto: Beto Barata / PR

Ao ser questionado se a edição da portaria foi um "toma lá, dá cá" em busca de votos para barrar a segunda denúncia contra Temer, em análise na Câmara dos Deputados, Blairo Maggi gaguejou. "Neste momento, há um momento político diferente, e o presidente resolveu atender a esse pleito antigo da classe produtora e, obviamente, nós estamos trabalhando num momento de política muito diferente. Temos um momento confuso e, aí, a classe produtora resolveu levar essa reivindicação ao presidente. Ele atendeu, e nós só temos a comemorar".

Entre outros retrocessos, a portaria condiciona a divulgação da "lista suja" a uma decisão exclusiva do ministro do Trabalho, violando o principio constitucional da publicidade. Além disso, o processo contra quem usa mão de obra análoga à escravidão só terá validade se for acompanhado por um boletim de ocorrência policial, ou seja, a fiscalização só poderá acontecer com a presença da polícia.

Em outra entrevista, o ministro tentou defender o indefensável. Disse que "ninguém" quer ou deve ser favorável ao trabalho escravo, mas "não é justo" alguém ser penalizado por "questões ideológicas ou porque o fiscal está de mau humor".