Fenaj e sindicato defendem jornalista demitido pela Folha de SP

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram nota neste domingo (15) repudiando a perseguição do humorista Danilo Gentili ao jornalista Diego Bargas, da Folha de S.Paulo e que foi demitido pelo jornal.

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Após a publicação na sexta-feira (13) da matéria intitulada “Comédia juvenil ri de bullying e pedofilia”, de Diego, o humorista fez postagens nas redes sociais que levaram ao ataque dos perfis do jornalista, que no mesmo dia foi demitido do jornal por desobedecer orientação nas redes.

De acordo com as entidades, há “uma escalada contra a liberdade de expressão e de imprensa em nosso país”. O ocorrido com Diego é o sexto caso dessa natureza, afirmam Sindicato e Fenaj.

“O texto de Bargas é uma reportagem correta, que analisa o filme e reproduz pontos de vista de Gentili e do diretor Fabrício Bittar expressos em entrevista ao jornalista. Gentili, porém, decide massacrar o jornalista em rede social, mostrando sua intolerância à atividade jornalística, e manipular o episódio para tentar melhorar o resultado comercial de seu produto”, diz trecho da nota.

Em junho, Gentili soltou vídeo nas redes sociais em que esfregava nas partes íntimas notificação extrajudicial recebida da deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS) que se sentiu atacada pelo comediante que teria feito referências à filha da parlamentar. O desembargador Túlio de Oliveira Martins, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), alegou que o vídeo tinha “natureza misógina” e materializava "virtualmente em crime” e determinou a retirada do vídeo das redes sociais.

Confira na íntegra a nota das entidades:

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam veementemente a perseguição contra o jornalista Diego Bargas, por incitação do humorista Danilo Gentili, e, em seguida, a sua demissão do jornal Folha de S.Paulo.

A demissão ocorreu poucas horas depois de Gentili, em rede social, ter incitado a perseguição ao jornalista, após a publicação de matéria assinada por Bargas, “Comédia juvenil ri de bullying e pedofilia”, sobre filme concebido e estrelado por Gentili. A matéria foi publicada na última sexta-feira (13), na Folha de S.Paulo. Após a publicação, no início da tarde, o humorista reagiu incitando o ódio na internet e estimulando seus mais de 15 milhões de seguidores no Twitter a perseguir Bargas. O jornalista passou a sofrer ofensas e xingamentos em todos os seus perfis em rede social.

É mais um grave caso de perseguição e intimidação a jornalistas, o sexto ocorrido em São Paulo nos últimos meses, e que mostra uma escalada contra a liberdade de expressão e de imprensa em nosso país. O texto de Bargas é uma reportagem correta, que analisa o filme e reproduz pontos de vista de Gentili e do diretor Fabrício Bittar expressos em entrevista ao jornalista. Gentili, porém, decide massacrar o jornalista em rede social, mostrando sua intolerância à atividade jornalística, e manipular o episódio para tentar melhorar o resultado comercial de seu produto.

A situação agravou-se, pois, poucas horas depois de Gentili ter iniciado sua ação intimidatória, o jornalista foi comunicado, no início da noite de sexta-feira, de sua demissão pela chefia. A Folha de S.Paulo, ao tomar tal atitude, demonstra não ter o mínimo compromisso com princípios como a liberdade de imprensa, de expressão e com a pluralidade, dos quais a empresa se reclama em suas campanhas de marketing.

O Sindicato se coloca à disposição do jornalista e, junto com a Fenaj, continuará defendendo os profissionais de todo e qualquer tipo de assédio, intimidação ou perseguição, e lutando pela liberdade de imprensa e pelo respeito às condições fundamentais para o exercício de um jornalismo de qualidade.

São Paulo, 15 de outubro de 2017.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo – SJSP

Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj