A tensão entre Coreia Popular e EUA caso Trump quebre acordo nuclear 

As indicações dadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderá romper o acordo nuclear firmado com o Irã são acompanhadas de perto pela Coreia do Popular. E, dependendo da opção adotada pelo republicano, o resultado pode minar qualquer esforço de paz com Pyongyang logo de saída

míssil - ISNA

É essa a opinião da diplomata norte-americana Wendy Sherman, que foi subsecretária de Estado para assuntos políticos no governo do presidente democrata Barack Obama. Foi ela quem liderou o esforço estadunidense para que Teerã aceitasse rever o seu programa nuclear, em troca de um alívio nas sanções impostas contra o país.

O governo Trump tem até o dia 15 de outubro para certificar junto ao Congresso dos EUA o cumprimento não do acordo por parte do governo iraniano. Segundo a mídia estadunidense, há um forte indicativo de que o atual presidente descertificará o documento, firmado em 2005 com a participação de outras nações ocidentais.

"A Coreia do Norte verá isso como um motivo porque não somos confiáveis e não temos credibilidade. E que, não importa o tipo de negócio, não iremos sustentá-lo", declarou Sherman em um fórum na última quarta-feira, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Recentemente, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, revelou que Washington possui um canal de comunicação direto com Pyongyang, o que criou a expectativa na comunidade internacional de que os dois países pudessem costurar algum tipo de negociação, a fim de pôr fim às tensões que duram meses na Península da Coreia.

Contudo, Trump aconselhou o funcionário a não perder tempo tentando negociar com o “pequeno homem foguete”, em referência ao líder norte-coreano Kim Jong-un. Dias depois, a Casa Branca informou que "não é o momento" de abrir um canal de diálogo com a Coreia do Popular, e que contatos diplomáticos só interessam se envolverem a libertação de três norte-americanos que estão detidos no país asiático.

Tida como uma das diplomatas dos EUA que poderá se encontrar com a diplomacia norte-coreana no final deste mês em Moscou, Sherman destacou que é equivocado pensar que o fim do acordo nuclear com o Irã possa sinalizar um recado "duro" a Pyongyang. Muito pelo contrário. "Isso vai nos deixar ainda mais isolados no mundo", comentou.

A capital russa sedia no próximo dia 19 de outubro uma conferência de não-proliferação de armas nucleares. Segundo a Radio Free Asia, a diretora-geral da agência de assuntos norte-americanos do Ministério de Relações Exteriores da Coreia Popular, Choe Son-hui, estará presente, abrindo margem para ter contato com diplomatas estadunidenses.

Resta saber se haverá interesse de Pyongyang. Ainda mais de o acordo com o Irã for quebrado – o que, segundo Teerã deu pistas, pode modificar a abordagem do país persa em não perseguir armas nucleares, o que seria um novo problema para Washington.