Vice-presidente do Equador é preso em casa

A Corte Nacional de Justiça do Equador ordenou na noite desta segunda-feira (2) a prisão preventiva do vice-presidente do país, Jorge Glas, que é acusado de receber dinheiro da empreiteira brasileira Odebrecht – o que ele nega. A Procuradoria-Geral disse que havia “risco de fuga” do vice, mas ele foi preso em casa, em Guayaquil.

Jorge Glas - Divulgação

Pelo Twitter, Glas disse que acatava a decisão “sob protesto”. “Acato sob protesto este infame atropelo contra mim, ainda tenho fé que a justiça se imponha. Perante ela, provarei minha inocência. Sem provas e com indícios forjados. Só lhes resta o linchamento. Acudirei a instâncias nacionais e internacionais para me defender”, afirmou. Ele também está proibido de transferir seus bens e teve as contas bancárias congeladas.

O vice-presidente é acusado de ter recebido cerca de US$ 14 milhões da Odebrecht para obras e licitações no Equador. Glas nega todas as acusações. “Este foi um processo repleto de irregularidades. Não se respeitou o princípio de presunção de inocência e me deixou impossibilitado de me defender ao negar informações fundamentais para minha defesa”, disse o vice, em nota.

Pouco antes de receber a ordem judicial e se entregar, o vice-presidente pediu aos cidadãos em um vídeo que sigam lutando pela revolução. "Estou enviando aos militantes um abraço revolucionário. Briguem pela revolução", disse Glas, afirmando que lutará desde onde o levarem "pela verdade e pela justiça, que é a verdade e a justiça de todo um povo, de todo povo equatoriano".

Glas compôs a chapa do hoje ex-presidente Rafael Correa e, também, a do atual presidente, Lenín Moreno, que o afastou de suas funções por divergências políticas. No dia 25 de agosto, a Assembleia do Equador autorizou que Glas fosse investigado por suposto crime de associação ilícita por relação com a Odebrecht.

Por sua vez, Correa expressou apoio a Glas. "Um homem honesto perdeu sua liberdade", escreveu no Twitter o ex-presidente, cujo mandato terminou em maio. Ele também criticou a coalizão política Aliança País por não se posicionar sobre o caso. “Ser cúmplice de uma terrível injustiça para proteger o ‘projeto político’? Esta não pode ser a ética da AP!”, disse.
Desde que deixou a presidência, Correa vive na Bélgica.