Relação abalada: Temer se incomodou com fala de Maia sobre impeachment

Se a relação entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o governo de Michel Temer (PMDB) não estava bem, a recente entrevista do presidente da Câmara ao jornal "Valor Econômico" na qual diz que não fez "com eles [PMDB] o que eles fizeram com a Dilma", deixou o clima ainda mais tenso.

Temer - Eraldo Peres/AP

Segundo o colunista do G1, Gerson Camarotti, "a ordem no Planalto foi de não repercutir a fala de Maia para evitar atrito com um aliado importante, principalmente neste momento em que a Câmara analisa a segunda denúncia contra Temer".

Entre outras acusações e declarações de mágoa, Maia atribuiu à cúpula ligada a Temer os rumores de que teria interesse em derrubar o governo para assumir a Presidência da República. Ele negou interesse no cargo e disse que não se movimentou pelo impeachment, ao contrário do que Temer fez com Dilma.

Ainda de acordo com ele, uma fonte próxima disse que Temer verbalizou a sua insatisfação com a fala de Maia. Mas a tática é fingir que nada aconteceu, pelo menos enquanto a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República,por lavagem de dinheiro e obstrução à Justiça, não for rejeitada.

O governo não pode arrumar um inimigo nesse momento tão crucial, já que não tem muita margem para garantir a rejeição. Com orçamento no negativo, o governo não tem o que negociar com os parlamentares, como aconteceu na primeira denúncia, em que foram liberadas mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamantares.

Diante disso, de acordo com o colunista, o governo decidiu pedir fiado aos deputados aliados para o pagamento de emendas parlamentares, negociando a liberação adiantada de 2018.

"A estratégia começou a ser colocada em prática depois que o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, alertou o Planalto na semana passada de que não há mais dinheiro em caixa para negociação de emendas nesse ano", disse o jornalista da Globo.