Grupo de empresários cria fundo para eleger candidatos

Na tentativa manter a influência nas campanhas eleitorais para atender aos seus interesses, um grupo de empresários, liderado por Eduardo Mufarej, sócio da Tarpon Investimentos e presidente da Somos Educação S.A, organizam a criação do chamado “fundo” para eleger 100 candidatos nas próximas eleições.

Aécio e Huck - Reprodução

Além de Mufarej, fazem parte desse grupo figuras como o publicitário Nizan Guanaes, o ex-presidente do Banco Central no governo FHC Armínio Fraga, o empresário Abílio Diniz e o apresentador de TV Luciano Huck.

Com a proibição do financiamento empresarial de campanha, considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, o poder financeiro busca uma alternativa para manter o controle sobre os rumos do país. O modelo de fundo proposto pelo grupo de empresários segue o esquema de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teria financiado a campanha de parte dos deputados eleitos em diversos partidos e, assim, controlava a votação na Câmara.

Sob a fachada de “apartidário”, o grupo pretende fornecer “bolsas de estudos” para futuros candidatos de 2018 em diversas legendas. Um dos líderes do grupo, Luciano Huck, tem se aproximado de lideranças do DEM. Na semana passada se encontrou com líderes da sigla, no Rio de Janeiro, para discutir uma eventual filiação.

Apontado como a “renovação” por alguns setores da direita, o global Huck – que fez campanha para seu amigo Aécio Neves (PSDB-MG) –, tem sido cortejado por diversas legendas. Fernando Henrique Cardoso chegou a declarar que o apresentador e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), seriam o “novo” no cenário político brasileiro.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, ainda não existe um critério de seleção dos candidatos a serem financiados, mas os beneficiados com a “bolsa” devem estar afinados com o discurso da “defesa da ética” e “responsabilidade fiscal”. Pelo jeito, uma leitura das peças de acusação dos procuradores de Curitiba será obrigatória.

Mas não fica por aí. O grupo ainda pretende formar uma espécie de “comissão de ética” para acompanhar ou tutelar esses “alunos/candidatos”.

Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, o analista político José Lopez Feijóo afirmou que o fundo é preocupante, pois ampliaria a bancada empresarial no Congresso Nacional, sem representar os interesses dos trabalhadores. “Eles representam o fim da política industrial e prejudicam a classe trabalhadora do Brasil. Essa pauta só avança por causa dessa composição de deputados”, critica.

Ele exemplifica a maneira de trabalhar desses deputados, como a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos e a reforma trabalhista. “A Câmara tem 513 deputados, desses, 373 parlamentares são alinhados com os interesses empresariais e votam a favor de pautas conservadoras nocivas à sociedade”, lamenta.