Mulheres trabalhadoras: Atos no país denunciam reforma da Previdência

A reforma da Previdência foi alvo de protestos das centrais sindicais nesta terça-feira (26) em diversos estados do Brasil. Mulheres dirigentes da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) reiteraram o prejuízo que a reforma trará. O saldo será aumento da igualdade de gênero e exploração das mulheres trabalhadoras. O Projeto de Lei da reforma está parado na Câmara dos Deputados e perde força para votação na Casa.

Por Railídia Carvalho

Ato mulheres trabalhadoras contra a reforma da previdencia - Reprodução do portal CTB

Os protestos foram organizados pelo Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais que reúne CTB, Central Única dos TRabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). As manifestantes se concentraram em frente às agências da Previdencia Social.

A reforma da Previdência aguarda para ir à votação no plenário. Apesar de ter sofrido pequena alteração no projeto original do governo Temer, a reforma continua penalizando as trabalhadoras. A idade mínima para as mulheres ficou em 62 anos pela proposta. Pelas regras atuais da Previdência, a mulher pode ser aposentar quando atingir 30 anos de contribuição (homens 35) ou quando atinge 60 anos de idade (homens 65 anos). 

A proposta que vai a plenária impõe 65 anos de idade minima para o homem se aposentar e pretende acabar com a aposentadoria por tempo de contribuiçao. Propõe também tempo mínimo de contribuição de 25 anos para homens e mulheres, ou seja, impõe 10 anos a mais do que se exige pelas regras vigentes. Sem contar que o recuo na idade mínima, que inicialmente seria de 65 anos para homens e mulheres, beneficia aquelas que ganham mais. 

Para a professora e secretária da Mulher da CTB-BA, Marilene Betros, as mulheres estão nas ruas em defesa de um sistema previdenciário decente, inclusivo, que não desampare o trabalhador e a trabalhadora. “Esse desmonte da previdência tem um caráter machista e racista e trará consequências negativas para as mulheres, em especial as negras”, comentou.

Confira alguns dos atos realizados nesta terça

São Paulo

"A nossa luta é para ampliarmos nossas conquistas rumo a igualdade no mercado de trabalho para termos mais oportunidades de mostrarmos nosso talento, mas não podemos aceitar aposentadoria aos 65 anos de idade, principalmente porque as mulheres começam a trabalhar mais cedo e são mais oprimidas no trabalho", acentua Celina Arêas, secretária da mulher trabalhadora da CTB.

Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB-SP, afirmou que as paulistas resistirão a todo custo à reforma da previdência. "Queremos nos aposentar. Queremos ser respeitadas no mundo do trabalho e em todos os lugares que estivermos. Estaremos nas ruas até o governo ilegítimo sair e serem convocadas eleições diretas para tirar o Brasil da crise", define.

Rio de Janeiro

"Estamos na rua para denunciar todos os projetos deste governo ilegítimo para termos a nossa democracia de volta e todas as nossas conquistas dos últimos anos", revelou Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ.

Ela explicou que "a reforma da previdência é prejudicial ao conjunto da classe trabalhadora, mas obriga as mulheres a trabalhar ainda mais que os homens para conseguir aposentadoria integral".

Bahia

Marilene Betros afirmou que as mulheres, que representam mais da metade da população, também estão em maior número no trabalho informal e a reforma da Previdência, como está proposta, não considera as diferenças existentes no mercado de trabalho, prejudicando-as ainda mais. “Vamos continuar nas ruas contra o retrocesso que significam essas reformas e mobilizadas pela unidade da luta, para avançar e garantir conquistas”, concluiu Betros.