Polícia brasileira é a mais violenta do mundo, diz pesquisa

Dados do Mapa da Violência indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-companheiro.

violência segurança pública - Yasuyoshi Chiba/AFP

De acordo com pesquisadores David Marques e Roberta Astolfi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Núcleo de Violência e por especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP, a polícia brasileira é a mais violenta do mundo.

No Brasil, foram registradas 3.320 mortes em decorrência de intervenção policial (no serviço ou fora de serviço) em 2015, o que torna a polícia brasileira a mais violenta do mundo. Considerando mortes por 100 mil habitantes, as mais violentas nesse ano foram as polícias do Amapá (5), Rio de Janeiro (3,9) e Alagoas. São Paulo, que registra 2,2 mortos por 100 mil, foi proporcionalmente onde a polícia mais matou em relação aos homicídios em geral, quase 20% do total de mortes violentas.

Apesar da péssima qualidade na investigação sobre esses casos, a elevada taxa de letalidade é um indicador da baixa capacidade de planejamento e de inteligência policial.

71% dos assassinados são negros

A pesquisa diz ainda que de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. A chance de um negro ser vítima de homicídio é 23,5% maior que a de pessoas de outras raças/cores. Em estados no Norte e Nordeste, o abismo é ainda mais profundo. Em Sergipe, por exemplo, a taxa de homicídios entre negros é de 73 por 100 mil habitantes, enquanto que a de brancos é de 13 por 100 mil.

A desigualdade social é importante para compreender a concentração, já que os homicídios se concentram em bairros com desvantagens sociais concentradas – com boa parte de moradores negros. O preconceito e o estigma social e racial acabam direcionando contra estes grupos controles excessivos por parte das instituições de segurança e Justiça do estado, resultando muitas vezes em violência policial e aprisionamentos arbitrários.

Além disso, diversos estudos sugerem que o sistema de justiça criminal opera de forma seletiva, priorizando casos que atraem atenção da mídia e cujas vítimas são brancas ou de classe média.

Feminicídio

Apesar de ainda não haver estatísticas exatas sobre o fenômeno no país, dados do Mapa da Violência indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-companheiro.