Trabalhadores protestam contra a reforma trabalhista na França

 De acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT) da França, a jornada de luta desta quinta-feira (21) incluiu paralisações, concentrações, manifestações, mais de 200 ações em todo o território francês, que contaram com a participação de centenas de milhares de trabalhadores e estudantes, e a adesão de estruturas setoriais, como o sindicato da cultura e o das Companhias Republicanas de Segurança.

Manifestação contra a reforma trabalhista na França - 20minutes.fr

“Confrontamos um presidente da República [Emmanuel Macron] que pretende promover um retrocesso em matéria de direitos trabalhistas como nunca se tinha tentado”, disse à Prensa Latina o dirigente da CGT na região parisiense, Pascal Joly, sublinhando que se trata também de um “retrocesso social” e “de civilização”.

Para Joly, um dos principais problemas da atual reforma que Macron tenta implementar por decreto, é o reforço dado às empresas ao nível das negociações, em detrimento do Código do Trabalho e da negociação coletiva. Trata-se de uma medida muito parecida com a do Brasil.

Com a reforma, que Macron quer aprovar nesta sexta-feira (22) em Conselho de Ministros, os trabalhadores ficam “muito mais vulneráveis frete aos patrões, na medida em que passa a ser uma luta individual em cada empresa”, explicou Joly. Daí a necessidade de defender a lei como elemento fundamental, com os direitos coletivos que nela estão consagrados e que “permitem aos trabalhadores defender-se nas negociações com o patronato”, frisou.

A CGT entende que o Código de Trabalho não deve estar “ao serviço dos capitalistas”, mas tem de “ser favorável aos assalariados”, protegendo-os das “arbitrariedades que reinam cada vez mais nas empresas”, disse o dirigente.

Luta vai ser longa

A jornada de luta contra a reforma trabalhista aconteceu depois da manifestação do dia 12 de Setembro que mobilizou cerca de meio milhão de pessoas. Além do secretário-geral da CGT, Philippe Martínez, participaram nas manifestações algumas figuras políticas conhecidas, como Jean-Luc Mélenchon, líder do movimento França Insubmissa, Pierre Laurent, líder do Partido Comunista, e Benoît Hamon, ex-candidato à presidência da República pelo Partido Socialista.

Em comunicado, a CGT destaca o crescimento da unidade sindical como resultado das muitas reuniões, assembleias e plenárias que os trabalhadores têm realizado nas empresas para “tomar conhecimento das medidas nefastas” da reforma de Macron e “debater as suas exigências em matéria salarial, de emprego e de condições de trabalho”.

A organização sindical afirma que a “luta vai durar”, afinal, já estão programadas novas paralisações: o setor dos transportes no 25 de setembro, uma manifestação e pensionistas dia 28 de setembro e uma greve no setor público em 10 de outubro.