Rabelo defende projeto de desenvolvimento e candidatura própria

Uma jornada por três importantes municípios baianos, Vitória da Conquista, Itabuna e Ilhéus, e uma sessão solene, em comemoração aos 100 anos da Revolução Russa, em Salvador (Bahia), marcaram a passagem de Renato Rabelo pelo seu estado natal. Em quatro dias de uma agenda intensa, da última sexta até segunda (18), Rabelo pôde discutir a crise que atinge a raiz da democracia nacional e analisar os problemas econômicos atuais, parte de um processo mais amplo de um colapso social e moral no país.

Renato Rabelo - Reprodução

Mais que isso, o dirigente, referência para o pensamento da esquerda brasileira, reafirmou a urgência de um projeto nacional de desenvolvimento que, para o PCdoB, passa pela defesa da nação, da democracia, do desenvolvimento e dos direitos sociais.

Em Vitória da Conquista, terceiro maior munícipio do estado, com o plenário da Câmara Municipal lotado, Renato afirmou que a “grande tarefa é a superação da crise e a reconstrução nacional”. O dirigente apresentou propostas do PCdoB que envolvem a formação de uma frente ampla baseada nos compromissos de restauração da democracia, do crescimento econômico e reconquista dos direitos sociais. “É preciso que essa frente ampla vá além da esquerda. É o momento de unir forças”, declarou.

O evento aconteceu na última sexta (15), na Câmara de Vereadores, e reuniu o presidente do PCdoB da Bahia, o deputado federal Davidson Magalhães, a deputada federal Alice Portugal, líder do PCdoB na Câmara; o deputado estadual Fabrício Falcão, os vereadores Nildma Ribeiro e Danilo Kiribamba, ambos do PCdoB; Gilmar Ferraz, vereador e presidente do Sindicato dos Comerciários; o presidente do PCdoB, Andreson Ribeiro; do PT, Rudival Maturano; dirigentes estaduais, filiados, militantes, representantes de outros partidos e membros da Frente Brasil Popular na cidade.

No dia seguinte (16), filiados, amigos e simpatizantes do PCdoB de Itabuna e vários outros municípios do sul da Bahia prestigiaram o debate organizado pelo Diretório Municipal da legenda, que ocorreu na Câmara de Vereadores durante toda a manhã. Compuseram a mesa de honra o deputado federal Davidson Magalhães; o diretor da Sudesb, Elias Dourado; o vice-prefeito de Ibirapitanga, Dinho Mecânico; Márcia Rosely Azevedo, presidenta do PCdoB de Itabuna; o presidente do PT local, Flávio Barreto; o ex-prefeito Geraldo Simões (PT); o vereador itabunense Jairo Araújo e a presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de Itabuna, Vilmaci Oliveira.

Na tarde de sábado (16), foi a vez da cidade litorânea de Ilhéus: num bate-papo no auditório do Sindicato dos Bancários, Renato Rabelo defendeu que “a saída para crise só pode ser resolvida por meio da política”, e ainda enfatizou que “o povo precisa se manifestar diante do caos institucional instalado no país, através de eleições diretas para presidente”. Estiveram presentes o ex-vice-prefeito de Ilhéus, José Henrique Abobreira; o vereador do PT, Makrise Angeli; o presidente do PCdoB local Josenaldo Cerqueira, o presidente do Sindicato dos Bancários de Ilhéus, Rodrigo Cardoso; a liderança Tupinambá de OIivença, Cláudio Magalhães, além de militantes e amigos do PCdoB.

O dirigente comunista defendeu a necessidade de uma candidatura própria dos PCdoB à Presidência da República; para Renato Rabelo é fundamental que o partido apresente um candidato que seja capaz de defender seu projeto político, suas ideias e seu programa. O dirigente ressaltou que a consolidação da pré-candidatura do PCdoB à Presidência da República é absolutamente legítima e natural. Renato também defendeu o direito de Lula poder se candidatar em 2018, considerando a inviabilização de sua candidatura pelo Judiciário como mais um golpe na democracia brasileira. “A perseguição política com o cerco judicial e midiático ao ex-presidente Lula é uma inaceitável ameaça à soberania popular.”

Sessão Solene comemorativa dos 100 anos da Revolução Russa

O presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, ainda participou, como convidado especial, de uma concorrida Sessão Solene na Assembleia Legislativa da Bahia em homenagem aos 100 anos da Revolução Russa. O evento foi iniciativa da bancada do PCdoB na ALBA, composta pelos deputados estaduais Fabrício Falcão, Bobô e Zó – e pela Fundação Maurício Grabois (FMG).

A sessão contou com a participação do deputado federal Davidson Magalhães, presidente estadual do PCdoB, do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB/BA), da secretária estadual de Políticas para Mulheres, Julieta Palmeira, da presidenta da Unegro, Ângela Guimarães, da presidenta da UBM-BA, Natália Gonçalves; do presidente da UEB, Natan Ferreira, do presidente estadual da CTB, Pascoal Carneiro, e do presidente do Cebrapaz, Antônio Barreto, Barretinho.

Em seguida ocorreu, no foyer da Assembleia Legislativa, o lançamento do livro 100 Anos da Revolução Russa – legados e lições, publicado pela da Editora Anita Garibaldi e tendo como organizadores Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro.

O evento foi conduzido pelo deputado Fabrício, que no discurso de abertura afirmou ser a Revolução Russa o fato mais importante da história da humanidade. “O czarismo era uma monarquia cruel que oprimia os trabalhadores e foi derrubada pela mobilização do povo”, afirmou. O deputado Zó salientou o aspecto de um país semifeudal ter construído a primeira revolução socialista da história, quando a expectativa anterior era de que ela ocorresse nos países mais desenvolvidos. O deputado Marcelino Galo, do Partido dos Trabalhadores (PT), considerou ser fundamental o evento, lembrando que o capitalismo esgotou suas possibilidades do ponto de vista econômico, e que se não houvesse a revolução de 1917 não teríamos as experiências socialistas que viriam depois.

A fala de Renato Rabelo

“O PCdoB faz parte do legado desse grande empreendimento revolucionário. Somos filhos-herdeiros da revolução de 1917. Ao contrário do que dizem, o socialismo nasceu, e não morreu no século 20. A primeira experiência histórica surge num país relativamente atrasado, ao contrário do que previa Marx, em condições excepcionais daquele período histórico, num período entre duas guerras mundiais. O socialismo surgiu de uma exigência histórica e não de um desejo subjetivo” afirmou.

Na continuidade enfatizou: “Através da experiência socialista, países capitalistas tiveram que adotar direitos para os trabalhadores, especialmente na Europa. Foi essa mesma experiência a responsável pela destruição da máquina de guerra do nazismo. E foi fundamental também para desmoronar grande parte do que existia de colonialismo. O país em curto espaço de tempo acelerou a industrialização e conquistou as bases que seriam fundamentais para vencer a guerra mundial”, disse.

Sobre o fim da rica experiência da revolução, Rabelo diz que não há resposta fácil para analisar o revés que ocorreu na URSS, e deve ser analisado nas circunstâncias históricas. “Começou a haver um declínio do ponto de vista econômico, na produtividade, na tecnologia, gerando defasagem em relação aos grandes países capitalistas. Não houve o salto necessário para enfrentar essas questões”, resumiu.

Para ele, as atuais experiências socialistas incorporam formas contemporâneas que resultam em formidável crescimento econômico, especialmente da China, que alcança avanços tecnológicos extraordinários, mesmo sob cerco capitalista. “O desenvolvimento das forças produtivas é essencial para a transição ao socialismo, sob controle do Estado de democracia popular”, reforçou.

Sobre o capitalismo, ele comentou: “O sistema é crescentemente concentrador e gera extremadas desigualdades sociais. O capitalismo é incapaz de resolver os impasses da humanidade, que impede o avanço civilizacional”.

Ao concluir a intervenção, Rabelo frisou a questão da defesa soberania nacional, afirmando: “A construção de um Estado poderoso e soberano é a grande questão da época atual, essencial na luta pelo socialismo”.