Governo Temer fica em silêncio após general falar em intervenção

Sem moral após ser denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República, o governo de Michel Temer permanece em silêncio quanto às declarações de um general da ativa que diz que, caso o Judiciário não resolva, um intervenção militar estaria na pauta para solucionar a crise política.

Michel Temer

Enquanto o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, rebateu prontamente às declarações, afirmando que “não há qualquer possibilidade” de intervenção militar no Brasil, Temer ficou calado. O general Antonio Hamilton Martins Mourão, disse em uma palestra, em Brasília, que se as instituições não conseguirem solucionar o "problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos", os militares terão "que impor isso".

A Presidência da República disse que não comentará o assunto. Já o Ministério da Defesa se limitou a dizer que o ministro, Raul Jungmann, não dará entrevistas sobre o assunto e não há um posicionamento oficial da pasta.

Nesta segunda-feira (18), Temer participou da posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na sede da PGR. ele deixou o evento sem falar com a imprensa. Em seguida, embarcou para Nova Iorque, onde participará da Assembleia Geral das Nações Unidas até quarta (20).

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), que integra a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, cobrou a responsabilidade do Ministério da Defesa "diante das declarações de um general do Estado Maior do Exército que esqueceu inteiramente as regras que orientam aquela força e, de uniforme militar, fez ameaças explícitas ao Estado Democrático de Direito, em uma palestra".

Ela reforçou que as declarações do general "não corresponde ao pensamento dos atuais comandantes das Forças Armadas".

"Não interessa às forças políticas e sociais comprometidas com a democracia potencializar essas declarações provocadoras e irresponsáveis. Há penalidades para indisciplina militar, como é o caso que devem responder a essas situações. Convocaremos uma Audiência Pública para tratar, entre outras questões, de como anda a defesa do Estado Brasileiro", reafirmou a deputada.

Em nota, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, condenou as declarações do general e "conclama as forças democráticas do país a repelir, com veemência, a gravíssima manifestação". Ela ainda critica "a omissão" do governo Temer e diz que o assunto exige providências imediatas para impedir que se repitam.

"O que o Brasil precisa é recuperar o processo democrático rompido com o golpe do impeachment; precisa de eleições diretas com a participação de todas as forças políticas, e não retornar a um passado sombrio que tanto custou superar", afirmou.