Metalúrgicos: Atos nesta quinta mostram unidade em defesa dos direitos

Os trabalhadores metalúrgicos brasileiros perderam 544 mil empregos formais nos últimos quatros anos. O presidente da Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (Fitmetal), Marcelino da Rocha, definiu a situação: “Vivemos uma espécie de montanha-russa”. A vigência da reforma trabalhista a partir de novembro e a aprovação da terceirização irrestrita agravam o drama vivido pela categoria. 

Por Railídia Carvalho

Brasil Metalúrgico cartaz

Nesta quinta-feira (14), atos pelo Brasil denunciam o cenário e prometem reação contra as novas regras trabalhistas que o governo de Michel Temer tenta fazer valer. A expectativa do recém-criado movimento Brasil Metalúrgico é que os trabalhadores realizem protestos, greves e paralisações em diversos estados, com destaque para manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Participam dos atos entidades metalúrgicas de todas as centrais sindicais do país.

“Neste dia 14 os metalúrgicos de Minas Gerais darão sua contribuição contra a aplicação da reforma trabalhista, contra a terceirização e por acordos e convenções que não rebaixem os direitos dos trabalhadores”, convocou Marcelino.

Protestos

Segundo ele, os atos são preparatórios para a plenária nacional no dia 29 de setembro, que incluirá outras categorias, “fortalecendo a resistência dos trabalhadores contra as reformas do governo Temer”.

Minas Gerais vai realizar cinco atos: na região metropolitana de Belo Horizonte, nas regiões Norte e Sul, no Triângulo Mineiro e na Zona da Mata. Em São Paulo, haverá um ato unificado que terá concentração na Praça do Patriarca, na capital, com caminhada até a sede do Ministério do Trabalho, também na região central.

“Também temos que fazer o enfrentamento contra a reforma da Previdência e mostrar aos parlamentares que eles não serão reeleitos se aprovarem o desmonte da aposentadoria”, lembrou Wagner Santana, o Wagnão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista. Desde a criação do Movimento Brasil Metalúrgico, dirigentes da entidade realizam panfletagem em preparação para os atos desta quinta.

Claudio Magrão, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, contou que a entidade espera levar mais de mil e quinhentas pessoas para o ato unificado na capital paulista. “A Federação orientou os sindicatos a paralisar as fábricas por algumas horas na manhã desta quinta. Vamos esclarecer os trabalhadores sobre essa reforma, os ataques aos direitos trabalhistas e ao movimento sindical”, declarou à Agência Sindical.

Desemprego

Matéria publicada em agosto pelo site da Fitmetal apontou que pelo quarto ano consecutivo o emprego metalúrgico diminui, ou seja, tem mais demissão do que contratação. Situação que diverge dos dados de 2002 a 2013, quando o emprego metalúrgico cresceu de 1,35 milhão de trabalhadores formais para 2,44 milhões. Atualmente são 1,9 milhão de metalúrgicos com carteira assinada.

“A indústria é um dos setores mais prejudicados com a crise que atinge o Brasil – e o reflexo para a classe trabalhadora é imediato”, explicou Marcelino. “Cada emprego direto na indústria metalúrgica pode gerar mais dois ou três empregos indiretos. Por isso, o impacto vai além da nossa categoria”, afirmou o dirigente na ocasião da publicação.

O Rio de Janeiro é um dos estados em que o desemprego entre os metalúrgicos é dos mais altos. A metalúrgica Mônica Custódio, diretora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), estará nesta quinta-feira às 7h em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro. Segundo ela, a defesa da soberania nacional também é um dos focos do ato no Rio de Janeiro assim como a pressão para que os acordos de leniência saiam do papel.

“Estamos na luta pela retomada do crescimento do país, para termos perspectivas para sair dessa situação de desemprego”, afirmou Mônica. Na opinião dela, a aprovação da reforma trabalhista fortaleceu a pauta mínima defendida pelos empresários. “Eles sempre pautaram o mínimo e nós sempre estivemos na resistência e mais uma vez estaremos nesta quinta em frente à Petrobras, independente de centrais, defendendo o desenvolvimento, a geração de empregos e a soberania”, enfatizou Mônica.

Confira abaixo o calendário:

Dia Nacional de Luta, Protestos e Greves
Data: 14 de setembro
Promoção: Campanha “Brasil Metalúrgico”
Local: em todo o Brasil

Primavera de Lutas: pela retomada do crescimento, em defesa do emprego e contra a retirada dos direitos
Dia 22 de setembro, às 10 horas
Local: em frente ao Masp (Avenida Paulista, 1578 – São Paulo)

Plenária Nacional dos Trabalhadores da Indústria
29 de setembro, às 10 horas
Local: CMTC Clube (Av. Cruzeiro do Sul, 808 – São Paulo)