Dilma rebate Palocci: Mente em desespero para se livrar da prisão

A presidenta eleita Dilma Rousseff rebateu ponto a ponto as citações feitas pelo ex-ministro Antônio Palocci contra ela e disse que a lógica que o move é a mesma que acomete outros delatores presos por longos períodos: a colaboração implorada.

Dilma na BBC - Reprodução

"A colaboração implorada é o esforço de sobrevivência e a busca por liberdade. Isso não significa que se amparem em fatos e na verdade. É um recurso desesperado para se livrar da prisão. Em outros períodos da história do Brasil, os métodos de confissão eram mais cruéis, mas não menos invasivos e implacáveis", afirma Dlma por meio de nota.

Dilma desmente as afirmações de Palocci sobre uma suposta participação num esquema para dar facilidades à Odebrecht. Segundo ela, o ex-ministro mente quando aponta o envolvimento de Dilma em supostas reuniões de governo, seja durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou no primeiro governo dela. "Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira", enfatiza.

Segundo ela, as supostas conversas descritas por Palocci são pura "ficção". "Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada", disse.

Ela apontou o episódio em que cita um benefício à Odebrecht pelo governo Dilma, durante o processo de concessões de aeroportos, como uma demonstração de que Palocci mente.

"O ex-ministro declarou perante a Justiça Federal que a decisão do governo Dilma de não permitir que um consórcio ou empresa ganhasse mais de um aeroporto foi criada pela presidenta eleita para beneficiar diretamente a Odebrecht. Isso é uma mentira!", salientou a presidenta.

E acrescenta: "Tal decisão foi tomada pelo governo para gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos. Buscou-se evitar que, caso uma empresa tivesse a concessão de dois aeroportos, priorizasse um em detrimento do outro. O governo Dilma buscava atrair mais empresas para participar do sistema aeroportuário, garantindo que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como órgão regulador, tivesse mais parâmetros para atuar. Mais concorrência, menos concentração".

A presidenta destaca um fato que desmascara o depoimento de Palocci. A empresa Odebrecht, que ganhou a disputa junto com o grupo Changi, pagou R$ 19,018 bilhões pela outorga do Galeão. "Sem dúvida, é a maior outorga paga por aeroportos no Brasil, o que afasta a acusação de beneficiamento indevido declarada por Palocci", frisou.

Ela também divulgou dados que demonstram que a Odebrecht foi responsável pela maior outorga paga ao governo para o direito de explorar apenas um dos seis aeroportos cujas concessões foram feitas pelo governo Dilma.

Nas concessões de aeroportos feitas pelo governo da presidenta Dilma, São Gonçalo do Amarante, em Natal (RN), o grupo vencedor foi o Consórcio InfrAmerica (Infravix) e a Corporación America, com investimento estimado de R$ 650 milhões, com outorga: R$ 170 milhões.

Em Guarulhos, o grupo vencedor foi Invepar (90%) e a ACSA (10%), com estimativa de investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões, sendo a outorga de R$ 16,213 bilhões

Já Viracopos, em Campinas, o grupo vencedor foi o Consórcio Aeroportos Brasil – Triunfo (45%), a UTC (45%) e a Egis (10%), sendo que a estimativa de investimentos foi de R$ 8,7 bilhões, com outorga: R$ 3,821 bilhões

"Eis os fatos. A ficção criada pelo senhor Antonio Palocci não se sustenta. A Odebrecht pagou 300% a mais pelo direito de explorar o aeroporto do Galeão. Nenhuma empresa desembolsou tanto. Que benefício ela obteria do governo Dilma Rousseff pagando a mais? Qual a lógica que sustenta o relato absurdo do ex-ministro?", questiona Dilma.