Em despedida, Janot diz que agiu por medo de desagradar

Na última sessão que comandou no conselho do Ministério Público Federal (MPF), nesta terça-feira (5), Rodrigo Janot citou a palavra medo por oito vezes ao comentar sua decisão de determinar a abertura de uma investigação de indícios de omissão de informações pelos delatores da JBS.

Rodrigo Janot - Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Na verdade, o que eu tenho é medo. E o medo nos faz alerta. E medo do quê? Medo de errar muito e decepcionar minha instituição. E todas as questões que eu enfrentei, eu enfrentei muito mais por medo, medo de errar, medo de me omitir, medo de decepcionar minha instituição do que por coragem de enfrentar esses enormes desafios”, disse ele, afirmando que a decisão foi um dos momentos mais difíceis de sua carreira frente à Procuradoria Geral da República (PGR) e que não agiu por coragem, mas por medo de decepcionar.

“Eu agi com muita coragem e ontem [segunda] foi um dos dias mais tensos e um dos maiores desafios desse período. Alguém disse pra mim: ‘Você realmente é um homem de muita coragem’. Aí eu parei e pensei: ‘Será que sou um homem de coragem mesmo?’ Cheguei à conclusão de que não tenho coragem alguma”, declarou Janot.

O G1, da Rede Globo, que nos últimos meses transformou Janot no redentor do combate à corrupção, fez uma edição bem melancólica do discurso do procurador.