Coletivos se unem para construção de um Santa Cruz democrático

No último sábado (02) aconteceu em Recife o I Ciclo de Debates: Futebol, Coletivos e Santa Cruz. Realizado pelo Coletivo Democracia Santacruzense juntamente com o Movimento Popular Coral, o objetivo era reunir grupos e diversos torcedores corais para debater, discutir e construir ideias democráticas para o Estatuto atual do Santa Cruz Futebol Clube e para o futebol. Foi uma tarde de construção e muito conhecimento trocado.

Coletivo Santa Cruz

O debate se iniciou com uma rodada de apresentações, na qual estiveram presentes representantes do Movimento Popular Coral que compuseram a mesa organizadora com: Rodrigo Fittipaldi, Isabelle Brasileiro e Mariana Medeiros. Pelo Democracia Santacruzense estiveram presentes também na mesa, Esequias Pierre, Juliana Fernandes e Adriano Costa. Os demais presentes na roda de debate foram Anízio Silva, do Tuit do Santinha;  Renan Castro, Advogado Popular do Cendhec; Péricles do Bate Papo Coral; Thammy do Movimento Coralinas e diversos torcedores interessados sobre o tema.

Debate de construção

Logo após a abertura do debate foi dado início com Esequias Pierre e Rodrigo Fittipaldi a apresentação e leitura do estatuto do Santa Cruz com sua composição atual de sócios: Fundadores, Beneméritos, Proprietários, Patrimoniais, Contribuintes e Sócio Atleta, bem como a existência dos Conselhos Deliberativo, Patrimonial, Administrativo, Executivo e Comissão Fiscal, suas jurisprudência, abrangência e responsabilidades; foi explanado também como é realizada a composição das chapas e suas obrigações na eleição do clube. Foi debatida a questão dos direitos e deveres dos sócios; o direito a uma Assembleia Geral dos Sócios e como convocá-la; quais as diretrizes do Programa de Sócios, onde se enquadra no estatuto e quais sócios são aptos a votar.

Durante todo o debate foi aberta a possibilidade de perguntas, sendo respondidas sempre de imediato, tirando dúvidas e implicações de várias partes do Estatuto em questão.
Com o objetivo de realizar um projeto futuro para o Santa Cruz Futebol Clube, a partir da análise anterior foram criadas perguntas para os participantes debaterem abertamente cada assunto abordado. Cada pergunta tinha o objetivo de criar uma perspectiva progressista de mudança de atitude do clube perante seu estatuto e a sociedade. Foi secretariada então cada resposta e o resultado foi:

Como tornar o clube mais democrático?

– Lutar pela proporcionalidade do conselho deliberativo e conselho fiscal pelas chapas concorrentes, compondo proporcionalmente pela quantidade de votos obtidos nas eleições.

– Seria importante que todos os sócios independente de valor e hierarquia, pudessem ter o direito a votar e ser votado irrestritamente. Apesar do Estatuto afirmar no Artº 35 que “Cada sócio, independente de categoria que esteja inscrito, terá direito a um voto, sendo proibido o voto por procuração”, O programa de sócio atual “Santa Forte” informa que apenas duas categorias das 5(cinco) existentes tem direito a voto.

– Foi de interesse deste ciclo que fosse efetivada a questão de eleição direta para o(os) fórum/cargos do clube, modificando, assim, a maneira como é feita a composição atual.

– Outro ponto solicitado foi a transparência dos nomes que compõem cargos, conselhos, comissões, diretorias, secretarias e sócios votantes. Como também documentos estatutários, atas de reunião, balanços orçamentário e fiscal de todas as comissões e conselhos existentes. Sendo colocados de forma acessível, disponibilizando-os abertamente no site do clube e no portal do sócio.

– Tornar obrigatória a Assembleia Geral dos sócios, tornando-a transparente e democrática com todos os presentes, com opção de fala, objeção, críticas e dúvidas. E sendo realizada semestralmente.

– Criar um setor de Ouvidoria que seja acessível e democrática, sendo escolhida pela Assembleia Geral os responsáveis que irão ter ligação direta com o torcedor e com as diretrizes que organizam o clube.

– Ser obrigatória a existência de debates abertos das chapas concorrentes na disputa eleitoral, na sede do clube, para apresentação das propostas, construção de projetos e conhecimento dos torcedores presentes.

– Modificar a divulgação do Edital de Eleição, aumentando para (30 dias) o prazo para a publicação do documento, tendo um acesso facilitado, online e aberto para qualquer torcedor.

– Modificar a quantidade de inscrição de conselheiros na composição das chapas para um máximo de 50 pessoas.
Tornar mais acessível a mensalidade do Conselho, levando em consideração a capacidade econômica e financeira do conselheiro nomeado, abrindo a possibilidade de eliminar sua mensalidade a partir da sua renda familiar.
Alterar a forma como é cobrada a mensalidade de um Conselheiro, tendo como parâmetro o valor proporcional a seu plano de sócio.

2. Como inserir cada vez mais as mulheres nas direções e conselho?

– Ser obrigatório um percentual de inserção de mulheres para composição das chapas no edital.

– Realizar frequentemente questionamentos ao clube sobre a pouca presença feminina no Conselho e nas direções de futebol

3. Como inserir cada vez mais os negros nas direções e conselho?

– Ser obrigatório um percentual de inserção de negros para composição das chapas no edital.

– Ser rotineira a realização de campanhas institucionais de marketing sobre o combate ao racismo no futebol e a relação histórica do Santa Cruz desde da sua fundação.

4. Como construir um plano de ações e programas populares?

– Criar um plano consistente e contínuo de parte dos ingressos da geral do Arruda para serem destinado exclusivamente a troca de ingressos por, no máximo, 3 TimeMania, sem acréscimo de valores. Valorizando o programa de apostas da Caixa Econômica Federal e fortalecendo a posição do clube no ranking geral do país, definindo os valores que o clube receberá pelo Profut no ano seguinte.

– Dar continuidade ao carro de som coral nas comunidades, com a venda de ingressos, camisas, produtos populares, tornando-o um projeto contínuo e não eventual.

– Abrir constantemente a vendas de ingressos em mercados públicos, fortalecendo os pontos de vendas e espaços disponibilizados.

– Ter vendas descentralizadas de ingressos, materiais, camisas e produtos, tornando a Loja Cobra Coral um serviço, além do fixo, itinerante nas comunidades de Recife e Região Metropolitana.

– Camisas e produtos com valores acessíveis às classes de baixa renda.

– Construir um planejamento para uma Política de ingressos populares.

– Atrelar o trabalho das categorias de base com as comunidades de baixa renda do Recife, firmando parcerias com ONGs, clubes de várzea, escolinhas e professores autônomos.

5. Como interiorizar e expandir o Santa Cruz Futebol Clube fora da capital?

– Abrirl lojas e espaços de atendimento aos sócios interioranos.

– Mapear e organizar os grupos, torcidas, coletivos e pessoas representativas nas cidades, estados e regiões fora da capital recifense e criar um relacionamento permanente com esses torcedores.

– Colocar urnas eleitorais fora da sede do Santa Cruz, abrindo colégios eleitorais em cidades e regiões diversas onde haja representatividade de sócios inscritos no clube.

– Ter como meta a criação de um projeto como um Trailer Coral itinerante, com vendas de produtos, disseminação da história do clube e outras ações que agreguem valor à marca Santa Cruz.

– Realizar amistosos fora da capital, utilizando principalmente a base, para disseminar e ocupar espaços interioranos carentes de esporte e que venham a ser um futuro torcedor efetivo.

6. Como fortalecer os movimentos organizados, torcidas, coletivos, grupos, consulados e embaixadas?

– Abrir uma diretoria/secretaria de Relacionamento e Mobilização de Torcidas, grupos, coletivos, consulados e embaixadas com o intuito de criar um elo entre o torcedor que representa e se organiza com as diretrizes organizativas do clube. Com espaço para recepcioná-los oficialmente e formalmente, criando a possibilidade de ouvir críticas, dúvidas ou solicitações de cada grupo em questão. Sendo a secretaria responsável por discutir externamente com com órgãos público sobre as torcidas, grupos, coletivos e consulados, sobre suas bandeiras e imposições sociais

– Tornar a Diretoria Social do clube uma co-responsável da atividade da Secretaria

– Realizar campanhas de marketing com o intuito de fortalecer a cultura de não criminalização das torcidas e grupos que se organizam em prol de incentivar, apoiar e acompanhar o Santa Cruz por todos os lugares.

Encaminhamentos

– Realização de mais um debate com Najla Diniz, do Coletivo Interfeminista e Ouvidora do Sport Club Internacional , sobre a composição feminina nas atribuições do clube. Provável data da convidade presente em Recife será 23 de setembro (data indefinida).

– Organização de um segundo debate sobre o programa de sócios e nossas posições ideológicas a partir da realidade do clube.

Criação de um Grupo de Trabalho para estudo do Estatuto de forma mais efetiva.