Delação de Funaro ao STF deve atingir Temer, Padilha e Moreira Franco

A Procuradoria Geral da República entregou nesta terça-feira (29) ao Supremo Tribunal Federal a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. A colaboração precisa ser homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no tribunal, para ter validade e gerar investigações.

Por Márcio Falcão

Lúcio Funaro - Foto: André Dusek/Estadão

As implicações feitas por Funaro, apontado como operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao presidente Michel Temer devem ser usadas na segunda denúncia que deve ser oferecida pela PGR contra o peemedebista. Há chances de que a nova acusação do MP seja entregue ao STF até o fim desta semana.

Funaro é considerado operador do grupo do PMDB na Câmara, da qual Temer fazia parte. Segundo fontes, em seus depoimentos, Funaro confirmou que recebeu dinheiro do empresário Joesley Batista mesmo estando preso, mas diz que o repasse era saldo de propina a receber.

Na avaliação dos procuradores, no entanto, os pagamentos faziam parte de uma ação para acalmar ânimos do operador e evitar sua delação. Isso caracterizaria a obstrução.

Outro fato que pode caracterizar a obstrução, segundo procuradores, é que no encontro noturno que teve com Joesley Batista, no Palácio do Jaburu, Temer tomou conhecimento de um plano do empresário para segurar um procurador da República que investigava a JBS, mas não reagiu de forma contrária à estratégia. Para investigadores, a obstrução pode ser pode se configurar tanto na ação quanto na omissão.

O operador também confirmou aos investigadores que fez entrega de dinheiro da Odebrecht no escritório de advocacia de José Yunes, amigo de Temer. A colaboração também deve atingir os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco.

Antes da delação, informações prestadas por Funaro à Justiça Federal do DF motivaram a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos principais aliados de Temer, que acabou derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Foram apontadas ligações de Geddel para a mulher do doleiro com objetivo de sondar a disposição de fechar delação, segundo o MP. Geddel já foi denunciado à Justiça.