Penélope Toledo: Síndrome de Robin Hood

Robin Hood é um personagem mítico inglês que roubava dos ricos e distribuía aos pobres. Alguns times de futebol parecem encarná-lo, tirando pontos dos “grandes” e dando pontos para os “pequenos”.

Robin Hood

O Corinthians passou 34 jogos sem ser derrotado. Líder disparado do Campeonato Brasileiro, foi perder a invencibilidade em casa, para o Vitória, que está na zona de rebaixamento. Não bastasse, foi vencido, também em seu estádio, pelo lanterna da competição, o Atlético-GO.

Além disto, o Timão empatou com a Chapecoense, Coritiba e Avaí, todos na luta contra a degola. Por outro lado, venceu o Grêmio, vice-líder, nos domínios do adversário e bateu outros clubes que estão na parte de cima da tabela de classificação: Santos, Palmeiras e Cruzeiro.

No Brasileirão do ano passado, foi o Santos quem personificou o herói lendário. Dos quatro clubes rebaixados para a Série B, o Peixe perdeu para três: América-MG, Figueirense e Internacional, este, duas vezes. Se tivesse triunfado nestes jogos, teria sido o campeão.

Sport Vereniging Robinhood

Reza a lenda que Robin Hood viveu durante a Idade Média, que se escondia na floresta dos arredores de Sherwood, que ele e seu grupo saqueavam caravanas de comerciantes ricos e distribuíam os bens entre os miseráveis. Sua existência jamais foi provada.

Mas o fato é que o romântico personagem inglês, que povoa o imaginário de gerações, inspira o esporte bretão para além das pontuações. No Suriname, o clube Sport Vereniging Robinhood, da primeira divisão, homenageia o justiceiro mantendo um projeto social que retira crianças das ruas de Paramarimbo, capital do país, por meio do futebol.

O SV Robinhood é o maior campeão nacional, com 22 títulos. É, juntamente com o Transvaal, o principal time do Suriname.

As lições de Robin Hood

A ideia de um anti-herói que subtraia dos ricos e repasse aos pobres, agrada. Preenche um desejo milenar de justiça e revigora a nossa rebeldia ancestral. No futebol, então, nem se fala. Não há quem não vibre diante da vitória inesperada do “pequeno” contra o “grande”. Isto, claro, se o “grande” não for o seu clube.

Mais do que nutrir o inusitado e o lúdico, porém, a Síndrome de Robin Hood é um alerta contra a soberba: ninguém ganha de véspera, já diziam os sábios. Futebol se vence é dentro de campo, na bola rolada, no jogo jogado.

Comemorar vitória, só depois do apito final. Comemorar título, só depois do último ponto conquistado. Na humildade, no sapatinho.