Metalúrgicos se unem contra efeito da reforma trabalhista na data-base

A aprovação da reforma trabalhista aumentou a pressão dos empresários sobre os trabalhadores, afirmam dirigentes metalúrgicos reunidos nesta terça-feira (22) em São Bernardo do Campo (SP) para organizar uma ação conjunta para se contrapor a nova lei. “Antes mesmo de a reforma ser aprovada, os empresários já queriam negociar com base na nova lei. Agora, a pressão é muito maior", afirmou o secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), João Cayres.

Por Railídia Carvalho

Brasil metalurgico no sindi dos metalurgicos do ABC - Edu Guimaraes/ SMABC

Com campanhas que em sua maioria acontecem em setembro e outubro, os metalúrgicos se unem para evitar que as convenções coletivas absorvam os efeitos da nova reforma trabalhista. A Lei 13.467 que entra em vigor em novembro tem sido parâmetro para os empregadores neste ano. Entre os pontos aprovados pela reforma estão a prevalência do negociado sobre o legislado.

Cayres explicou que o desafio atual é manter as cláusulas sociais. Segundo ele, a aprovação da reforma abre caminho para a legalização das “atrocidades que fazem no mercado de trabalho".

Marcelino da Rocha, presidente da Federação Interestadual de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (Fitmetal) afirmou que o setor de autopeças apresentou uma contra-pauta com base na reforma. “Mal os trabalhadores entregaram a pauta receberam uma contra-proposta baseada na nova legislação trabalhista”, afirmou.

Para Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM, filiada à Força) e do sindicato de São Paulo, o esforço da unidade dos metalúrgicos é o fortalecimento das campanhas diante do atual cenário. "Não dá para unificar a data-base, mas dá para unificar ações". Para ele, é preciso ficar atento porque o modelo da nova lei será usado pelos patrões nas próximas negociações.

O encontro realizado nesta terça-feira (22) no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo reuniu dirigentes de confederações, federações e sindicatos ligados a CSP-Conlutas, Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical, Intersindical e União Geral dos Trabalhadores. Também participaram trabalhadores da construção civil e setor têxtil.

Agenda de mobilização dos trabalhadores inclui distribuição do boletim Brasil Metalúrgico nos locais de trabalho de 28 a 31 de agosto e um Dia Nacional de Lutas, protestos e greves no dia 14 de setembro. Para 29 de setembro está programada plenária nacional dos trabalhadores da indústria.