PCdoB-CE debate tarefas e desafios visando o êxito do 14º Congresso

Os membros da Comissão Política do PCdoB-CE realizaram, no último sábado (19), a sua última reunião ordinária antes da realização da Conferência Estadual do Partido no Ceará, que acontecerá em 21 e 22 de outubro deste ano. Na pauta do encontro, além da atualização sobre o quadro político, com base no material preparatório do 14º Congresso do PCdoB, foi uma reunião de trabalho, onde foram discutidas tarefas e desafios a serem encarados pela direção estadual.

Mapa PCdoB-CE

Luis Carlos Paes de Castro, presidente do PCdoB-CE, destacou que a reunião tinha o objetivo de definir, coletivamente, tarefas a serem cumpridas, visando o êxito do processo de debates e construção do 14º Congresso do Partido. Dentre os desafios, o cadastramento de novos e o recadastramento de antigos filiados, a realização das Conferências Municipais, precedidas das reuniões das organizações de bases, a efetivação da contribuição militante e a meta de eleger novas direções sintonizadas com o momento político e comprometidas com os ideais do Partido.

Sobre o quadro internacional, Paes citou os recentes acontecimentos que repercutiram em todo o mundo, como o ataque nos Estados Unidos, em que uma mulher foi morta após um carro ser arremessado contra manifestantes críticos aos supremacistas brancos em Charlottesville, Estado da Virgínia e o atentado em Barcelona com um número bem maior de mortos e feridos. Por outro lado, as ameaças do presidente americano contra a Coreia do Norte (mirando na China) e a Venezuela, buscando derrotar a revolução bolivariana e colocar as mãos na maior reserva de petróleo do mundo. “O imperialismo americano, sob comando de Donald Trump, avança e assusta, e esses fatos mostram o seu caráter intervencionista e belicista”.

Sobre a Venezuela, ameaçada de intervenção e perda de sua soberania, faz-se necessário o apoio ao governo legítimo do presidente Maduro e da Constituinte eleita pelo povo. Paes considera a necessidade de intensificar ações pra esclarecer a população sobre o que realmente está em jogo no país vizinho. “Na próxima terça-feira (22), a partir das 17h, ocorrerá o lançamento do Comitê de Solidariedade à Venezuela, com ato na Praça da Gentilândia, aqui em Fortaleza. Este é o momento de promover este debate e defender este povo que resiste bravamente, merecendo a nossa solidariedade”.

A nível nacional, Paes avaliou o desdobramento da aguda crise em todos os planos no país. “Desde a reeleição de Dilma, em 2014, com o boicote econômico e político do consórcio golpista, o País entrou numa profunda crise sob todos os aspectos e uma instabilidade política que não permite que enxerguemos uma ‘luz no fim do túnel’. A direita conservadora e seus aliados na mídia insistem em dizer que a economia cresce, mas o que se observa é que a situação continua difícil”, pondera. O que se observa é que depois de dois anos de quedas superiores a três por cento no PIB, os investimentos continuam extremamente baixos, o desemprego se mantém alto e a arrecadação tributária continua em queda, indicando que a economia ainda não iniciou a tão propalada recuperação. Tudo isso leva a aumentar as contradições internas na base de apoiou ao governo, que passa a ver que o ‘buraco é mais em baixo’. Partidos e agrupamentos políticos, que se uniram para defender o golpe, passam a expor suas contradições e diferenças de interesses o que leva às divisões, aumentando as dificuldades do governo ilegítimo junto à sua base de apoio”.

Sobre as reformas política e da previdência, que poderão ser votadas nos próximos dias, Paes considera que elas “correm o risco de não serem aprovadas”, devido a estas contradições. Comentando acerca da possibilidade de aprovação do “Distritão”, que, se aprovado, seria válido para as próximas eleições, o dirigente diz ser uma forma de “enfraquecer ainda mais os Partidos, reforçando a política de grandes personalidades e de quem tem muito dinheiro”. Ele também comenta sobre a proposta de financiamento público de campanha que, apesar do bombardeio contrário, tem avançado no Parlamento e seria uma maneira de reduzir a influência do poder econômico nas eleições.

Ao mesmo tempo, acrescenta Paes, já se inicia o processo sucessório eleitoral, visando a disputa de 2018. A caravana de Lula por cidades do Nordeste, considera, reforçam a autoridade política dele e “ajudam a esquerda e o conjunto das forças democráticas e progressistas a criar condições para a sua candidatura ou de um eventual novo candidato”. A participação de Ciro Gomes (PDT) em debates e eventos, e as viagens de João Doria (PSDB) que surge como alternativa à direita, sem falar do fascista Bolsonaro, antecipam o clima de pré-campanha eleitoral no país.

No Ceará, as movimentações com vistas a 2018 também tomam forma. Já começaram articulações para a composição da chapa majoritária, que terá os cargos de governador e vice e duas vagas para o Senado. “O PCdoB, com certeza, no momento certo vai disputar vaga nesta chapa”, ratifica.

Diante deste cenário, permanece o projeto do PCdoB de reeleger Chico Lopes deputado federal e conquistar mais uma vaga na Câmara dos Deputados, enquanto na Assembleia Legislativa a meta é de ampliar a nossa representação hoje constituída de duas cadeiras de deputado estadual. “Temos realizado viagens pelo interior do Estado e o que percebemos é que, apesar do desgaste no mundo político, em que todo mundo perdeu, nossos candidatos têm boa receptividade. Temos um bom capital político nesta guerra que serão as eleições do ano que vem e boas condições de conquistarmos êxito em nosso projeto eleitoral”, avalia Paes.

Mas para isso, o presidente do PCdoB no Ceará reforça a necessidade de fortalecer o Partido, de ter direções comprometidas com o projeto e o programa da legenda, com núcleos executivos que possam conduzir o trabalho em cada um dos municípios em que estamos presentes. “Vivemos uma quadra difícil, onde a ofensiva conservadora se mantém mas, por outro lado, a resistência também cresce e as lutas se radicalizam, com o surgimento de novas lideranças e a ampliação da unidade do povo. Por isso devemos apostar em ações mais ousadas para se ligar às massas e aos trabalhadores. Assim, conseguiremos organizar e fortalecer o nosso Partido”, defende.

Construção do 14º Congresso do PCdoB

Também com foco no fortalecimento do PCdoB, Abel Rodrigues, secretário estadual de Organização, apresentou o balanço inicial das atividades que antecedem a realização das Conferências Municipais e Estadual no Ceará. “Estamos na reta final, com cerca de 40 dias para o prazo final das Conferências Municipais, que devem ser realizadas até o dia 1º de outubro, conforme as normas do Comitê Estadual”, alerta.

Em sua intervenção, Rodrigues recordou a resolução política, aprovada em abril deste ano, que, além das diretrizes que apontavam o rumo dos debates do 14º Congresso, determinou a realização de uma Campanha de Estruturação Partidária. Dentre as ações previstas, o recadastramento digital dos militantes, uma campanha de filiação, a construção das bases de atuação, a contribuição militante e uma campanha de formação. Tudo isso aliado às ações de resistência ao governo golpista.

“Apesar de diversas iniciativas que realizamos para intensificar este campanha, dentre reuniões, encontros com comitês municipais, circulares e outros instrumentos, atualmente nossos números estão aquém da meta que havíamos estabelecido para o recadastramento de filiados no Ceará. Nosso balanço ‘pé no chão’ é para verificar esses resultados iniciais, ver o que é possível e o que deve ser feito até a finalização das conferências municipais”, afirma.

“Espírito revolucionário”

Rodrigues pondera que, mesmo com as adversidades políticas, que interferem até em quadros do Partido, o andamento do golpe e a ofensiva imperialista, “não temos o direito de esmorecer”. O dirigente citou o exemplo de camaradas que sofreram durante a Ditadura, sob torturas psicológica e física, e resistiram. “Eles encaravam os torturadores, enfrentavam e acreditavam que aqueles problemas seriam superados. Somos herdeiros desta fibra. Mais do que nunca é nosso papel encarar as dificuldades com o mesmo espírito e altivez, saber que isto é temporário e é nosso dever lutar para reverter esta realidade”, conclama.

Para Rodrigues, o conjunto do PCdoB, apesar das debilidades a serem resolvidas e superadas, deve ponderar sobre o “Partido que queremos e merecemos ser”. “Para isso, surge a necessidade urgente de reforçar as organizações de base, resgatar a cultura de um Partido estruturado, com funcionamento permanente a começar pelos dirigentes, que devem participar e protagonizar este processo”.

Estruturado atualmente em 140 municípios cearenses, os dados mostram que pouco mais da metade dos municípios iniciaram o recadastramento e que precisamos redobrar os esforços para atingirmos a meta de 6 mil recadastrados. “O que fazer diante desta realidade? Mudar a partir dos membros da direção, dar prioridade total ao processo de Congresso, com todo gás e força. Com o empenho de todos, é possível reverter este quadro e garantir o êxito do nosso Congresso”, defende.

Quadros e renovação

Membro do Comitê Central, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas) também participou do encontro da direção do PCdoB no Ceará. Patinhas falou sobre a política de quadros, voltado para a composição das novas direções do Partido e os desafios associados à luta concreta do povo. “Além do ‘Fora Temer’, devemos estar antenados também ao projeto eleitoral de 2018 e ao processo do Congresso, que deverá engrenar na reta final. Estamos realizando o lançamento das teses nas capitais e maiores cidades do país. Isso certamente vai ajuda a criar o clima interno no Partido e a tendência é esquentar o debate até os encontros estaduais”, avalia. Em Fortaleza, o encontro terá a participação do governador do Maranhão, Flávio Dino, e acontecerá no dia 31 de agosto, no auditório do IFCE, em Fortaleza.

Sobre o 4º item da resolução política que norteará os debates para o 14º Congresso, Patinhas destaca as orientações que tratam acerca do fortalecimento do Partido. “São diretrizes até 2022, ano do centenário do PCdoB”. Dente elas o crescimento nas frentes institucional e junto aos movimentos sociais. Ele aponta como debilidades a dificuldade de se solidificar em cidades do interior e de organizar quadros nas bases do Partido e nos Comitês Municipais.

Segundo as orientações do Comitê Central repassadas por Patinhas, fortalecer o PCdoB passa, necessariamente, sobre a compreensão de que os quadros devem estar organizados e ativos em suas bases. “Cada dirigente deve ser designado para coordenar a organização do Partido na base onde atua, para torná-la mais forte, com reuniões periódicas e condução concreta. Isto é uma tarefa de construção partidária”, defende.

Sobre a formação das novas direções estaduais e municipais, Patinhas defende que é preciso deslocar quadros para pontos estratégicos, visando formar direções que estejam em sintonia com o atual momento político. Ele reforça ainda a necessidade de, em caso de mudanças, apostar na renovação. “De 2013 até 2017, a média de idade dos membros do Comitê Central aumentou 4 anos. Em 2013, eram 16 pessoas com até 35 anos, atualmente são só 7 representantes. Queremos e defendemos uma direção nacional representativa, com membros de diversos setores, parlamentares, gestores, de movimentos sociais, jovens mulheres e trabalhadores de várias áreas”.

Patinhas informa que o Comitê Central está realizando um levantamento de nomes para um “Cadastro Nacional de Levantamento de Quadros”, fomentando a ideia de ter uma lista com 500 a 600 nomes que possam compor a direção do Partido e comissões auxiliares. “Queremos quadros que possam se projetar para o plano nacional”.

Ele sugere que os comitês estaduais também façam o mesmo, com uma auto-avaliação, consultando aos principais comitês municipais, com objetivo de formar um cadastro de quadros intermediários. “Além disso, é tarefa importante melhorar e organizar as bases, permitindo que elas sejam instrumento vivo, com atuação permanente, afinal, são nas bases que surgem os quadros. Devemos montar melhor o nosso time, com pessoas chave conduzindo nossos municipais”, ratifica.

Ao longo do dia foi aberta a fase de intervenções, onde os comunistas puderam debater, opinar, apresentar informes e interagir coletivamente.