Correios:Não são para gerar lucro mas atender população, diz dirigente

As dificuldades enfrentada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos foi tema de audiência pública na Câmara dos Deputados na quinta-feira (17). Entre os participantes do evento estavam o Presidente dos Correios, Guilherme Campos, e presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios – FINDECT, José Aparecido Gimenes Gandara.

Correios atuam em regiões remotas - CC Wikimidia/ B. Jardim

O primeiro a falar sobre a situação da prestação de serviços dos Correios, em atendimento aos consumidores, foi o presidente da empresa, Guilherme Campos, que começou falando que a situação é extremamente delicada, diante da nova realidade por que passa o mundo e, em consequência das transformações mundiais, todas as empresas postais do mundo tiveram que praticar medidas de reestruturação.

Segundo o presidente dos Correios, as novas tecnologias de comunicação atingiram mortalmente o sistema de comunicação por correspondência, por carta.

“Os correios nasceram há 354 anos para atender essa forma de comunicação. Diante da nova realidade, uma nova empresa precisa ser preparada e adaptada. É isso que estamos fazendo com profundas transformações na sua atividade e na sua estrutura, com ações de contenção de despesas e economia”.

O IDEC manifestou sua preocupação com os cortes da prestação de serviços e a decorrente precarização do atendimento aos consumidores, especialmente, no que diz respeito ao fechamento de postos de atendimento e o corte da distribuição nas chamadas áreas de risco relativos à segurança.

O presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios – FINDECT, José Aparecido Gimenes Gandara, apresentou dados sobre os gastos extraordinários que a empresa promoveu nos últimos anos, levando os Correios a situação crítica que hoje se encontra. Entre os números apresentados por Gandara, somente o repasse que a empresa deveria passar ao Governo Federal, foi superada em R$ 3 bilhões, retirados do cofre da empresa.

Outro número que chama a atenção foi o valor gasto para efetuar a troca da logomarca da empresa, e para operacionalizar toda essa mudança da marca, mesmo sendo uma das mais conhecidas do país. Os Correios disponibilizaram quase R$ 200 milhões.

Com esses números, Gandara demonstrou que alegado déficit dos Correios é decorrente de escolhas políticas feitas pela gestão da empresa, contraditando com os baixos salários da grande maioria dos cerca de 108 mil trabalhadores da empresa.

Gandara também criticou veementemente a reestruturação que opta por fechar postos de atendimento, em locais de vulnerabilidade quanto à segurança.

“Ao contrário de colocar segurança nos postos, fecha-se o mesmo e deixa a população daquele locar sem os serviços. Outro argumento para fechar as agências é que ela é deficitária financeiramente. Só que esquecem que o Correio não foi criado para dar lucro. O Correio foi criado para atender a população”.

Ao ser questionado pelo proponente da audiência, deputado Aureo, sobre os caminhos a serem seguidos para solucionar os problemas do Correio, o presidente dos Correios, Guilherme Campos afirmou que ele ocupa um cargo político, indicado por seu partido, o PSD e que ele cumpre esse papel enquanto presidente da empresa.

Campos afirmou que, particularmente, não considera que a privatização dos Correios seja o caminho a ser percorrido. Entretanto, destacou que essa não é uma opção a ser definida pelo presidente da empresa, mas que se trata de uma opção de governo e que, portanto, cabe a Temer definir se a privatização será a escolha para enfrentar a crise dos Correios.