Dilma rebate Veja: Escândalo está na perseguição que a revista promove

Neste sábado (19), a presidenta eleita Dilma Rousseff rebateu por meio de nota o factoide da Veja sobre suposta fraude em sua aposentadoria. Segundo ela, a revista "volta a executar o velho Jornalismo de Guerra" ao dar ares de escândalo ao tratar sobre o tema.

Dilma Rousseff

"O escândalo está na perseguição que a revista promove e não na aposentadoria em si", afirmou Dilma, destacando que depois de 36 anos, 10 meses e 21 dias de serviços prestados – comprovados documentalmente, a presidenta se aposentou aos 68 anos de idade, com vencimentos pouco acima de R$ 5 mil — o teto do INSS.

"Ela nada recebe como ex-presidenta da República ou anistiada política. O benefício segue os rigores da lei. Tampouco se valeu de subterfúgios para o recebimento de valores indevidos ou excessivos, como ocorre com Michel Temer e ministros do governo golpista", frisou.

A presidente enfatizou que foi afastada da Presidência "pelo golpe construído a partir do impeachment fraudulento", e recebeu em agosto de 2016 seu primeiro benefício como aposentada.

Disse ainda que o governo golpista chegou a se recusar a reconhecer o tempo de serviço dela, com base nos efeitos da anistia. "É que, além de ter sido encarcerada pela ditadura no início de 1970, Dilma Rousseff foi obrigada, a partir de 1977, a se afastar de seu trabalho, na Fundação de Economia e Estatística, por integrar a chamada lista do General Frota. Só no final dos anos 1980, foi anistiada", lembrou.

Ela salientou que foi por isso que pleiteou para a sua aposentadoria o reconhecimento pelo INSS do período de anistia de aproximadamente dez anos. "O governo golpista negou-lhe os efeitos da anistia com o evidente objetivo de prejudicá-la. Alegou que tentava fraudar a previdência, procurando se aposentar antes da hora", apontou a manobra frustrada porque Dilma havia trabalhado por todo esse período e comprovou.

A presidenta explicou que, o que a Veja aponta como "fraude", foi na verdade uma anotação equivocada por parte de uma funcionária — sem qualquer interferência da presidenta —, que ensejou a concessão do benefício em agosto e não em setembro, como seria o correto. "A própria autarquia avaliou, no entanto, que não houve má-fé por parte da servidora", declarou em nota.

Os advogados da presidenta reforçaram ainda que não era possível exigir de Dilma que soubesse tratar-se de equívoco por parte do sistema do INSS, já que o processo passou pelos devidos trâmites regimentais.

"Dilma Rousseff está recorrendo da devolução. A jurisprudência dos tribunais superiores considera incabível a cobrança pelo erário dos valores recebidos de boa-fé. Ela vê na atitude do governo golpista uma clara tentativa de prejudicar funcionários de carreira criando uma “falsa denúncia” para punição abusiva", rechaçou a presidenta por meio da nota, afirmando que a "sindicância mencionada por Veja reforça a tese da defesa da ex-presidente de que não houve “intenção clara dos investigados em beneficiar Dilma".

"Veja dá cores de denúncia ao que é sanha de um governo usurpador, tomado pelo objetivo de perseguição política e de diversionismo dos escândalos de corrupção do grupo no poder. Devia era explicar as aposentadorias precoces do presidente ilegítimo e de seus associados", rebateu.

De acordo com a presidenta, a revista também não cumpre a exigência fundamental do jornalismo isento, ao deixar de procurar a defesa da ex-presidente ou sua assessoria de imprensa. "Não há desculpas ou explicações que justifiquem a parcialidade e o proselitismo político da revista", repudia.

E finaliza: "Esse é o retrato dos nossos tempos, em que a democracia se mantém sufocada pelos interesses inconfessáveis de uma elite insensível ao bem-estar da população e ao respeito dos direitos democráticos, como a liberdade de imprensa".