Ato reúne lideranças mineiras contra o desmonte da Cemig por Temer

Um ato contra o leilão das usinas da Cemig, que entrou no pacote de privatizações de Temer, aconteceu nesta sexta-feira (18), dentro da Usina de Miranda reunindo mais de 1.500 pessoas. Uma carta aberta contra o leilão foi assinada por diversas lideranças e será encaminhada a Temer.

Ato Cemig - Sarah Torres/ALMG

A manifestação, organizada pela Frente Mineira em Defesa da Cemig, contou com a participação de deputados da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), do presidente da assembleia, deputado Adalclever Lopes (PMDB), além de lideranças do movimento social, empresários e prefeitos de vários municípios, além dentre as quais o governador do estado Fernando Pimentel.

A carta aberta reafirma a defesa do patrimônio da Cemig e reivindica a renovação das concessões das usinas de São Simão, Miranda e Jaguara.

“É nosso direito manter o que já é nosso. Não venham com mão grande para estrangeiro comprar e vender energia cara para os mineiros”, advertiu o governador, que contesta na Justiça a decisão de Temer de pôr a venda as usinas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Redonda, cuja concessão ainda pertence a Cemig, responsável pela construção e operação de todas as três.

O governo mineiro argumenta que houve quebra de contrato por parte da União, pois o contrato prevê a renovação da concessão por mais vinte anos, depois de vencidas as duas primeiras décadas de operação.

O governador Pimentel anunciou que o governo começará uma campanha na mídia para evitar o leilão, sob o mote: “Mexeu com Minas, mexeu conosco”.

O coordenador da Frente Mineira em Defesa da Cemig, deputado Rogério Correia (PT), entregou a Fábio Ramalho abaixo-assinados com as adesões de todos os 77 deputados estaduais e dos 53 deputados federais por Minas Gerais.

Segundo o parlamentar, a Cemig também está colhendo assinaturas e já conseguiu a adesão de 497 dos 853 prefeitos do Estado. Um outro abaixo-assinado foi lançado na internet e já coletou 35 mil assinaturas. A meta, segundo ele, é chegar a pelo menos 100 mil apoiadores à causa. “Minas Gerais está unificada em favor da Cemig e contra esse leilão que significa a privatização a empresa”, afirmou.

Para o deputado Rogério Correia, a perda da Cemig significa, também, a entrega de um setor estratégico para o Brasil. Por isso, o movimento contra o leilão vai resistir e usar todas as estratégias jurídicas e de luta para evitar a venda das usinas. “O mineiro dá um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada para não sair dela”, disse.

Representantes de movimentos sociais também garantiram resistência diante das ameaças de privatização do governo federal. O presidente do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jefferson Leandro Teixeira da Silva, anunciou que, após o ato, cerca de cem pessoas iriam se dirigir para a Usina de São Simão para impedir a posse, caso seja leiloada.

Aline Ruas, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também se posicionou contra o leilão. A presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, advertiu para o risco da venda das usinas abrir um precedente para a privatização do sistema elétrico. “Não mexam com nossas usinas, não mexam com nosso povo”, avisou.

Segundo o presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, o Ministério do Planejamento admitiu suspender o leilão, caso a empresa pague R$ 11 bilhões, valor que pretende arrecadar com a venda das usinas.

O executivo considerou a proposta injusta, ao considerar que a Cemig construiu, opera e mantém as usinas. “Estamos sendo vítimas de uma ameaça sem igual em nossa história”, lamentou. Ele lembrou que usinas de São Simão, Miranda e Jaguara são responsáveis por quase 50% da capacidade de geração da empresa e que a venda pode representar um prejuízo de R$ 1,34 bilhão anuais pelas próximas três décadas.

Para tentar evitar que isso aconteça, Alvarenga admitiu que estuda conseguir empréstimos para arcar com o valor exigido pelo Governo Federal. Ele defende, no entanto, o direito à renovação da concessão, assegurada pelo contrato assinado entre a União e a Cemig. Em sua opinião, o governo está interpretando leis e regulamentos a bel prazer para justificar a medida. “Um abuso do poder central”, desabafou.