Reforma da Previdência: Movimentos articulam protesto para dia 25

Nesta quinta-feira (17), representantes dos movimentos populares e sindical se reuniram na sede do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para articular uma grande Marcha contra a reforma previdenciária e a desproteção dos idosos no próximo dia 25 de agosto.

Movimentos reunidos para organizar marcha contra reforma da previdencia no dia 25 de agosto de 2017

De acordo com os dirigentes da CTB São Paulo, Flávio Augusto Leite e Ricardo Marciano de Souza, que participaram da reunião, a Marcha do dia 25 de agosto iniciará com uma concentração no Pátio do Colégio, a partir das 9h30 e seguirá em caminhada rumo ao Largo São Francisco.

 
O objetivo da mobilização é chamar a atenção da população para os prejuízos da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/20161, que promove uma ampla reforma da Previdência Social brasileira. Entre as mudanças estão a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição, a elevação da idade mínima de aposentadoria para 65 anos e do tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos.
 
Além disso, a regra de cálculo do valor da aposentadoria é alterada de forma que só fará jus ao valor integral do salário de benefício o trabalhador ou a trabalhadora que comprovar 49 anos de contribuição, muito além do que atualmente é requerido para receber este valor . Em relação à idade e ao tempo de contribuição, pretende-se suprimir as regras diferenciadas entre homens e mulheres, trabalhadores rurais e urbanos, e entre professores da educação básica e demais trabalhadores.
 
Prejuízos da PEC 287
 
O Dieese divulgou a Nota Técnica 186, analisando as alterações feitas pela Comissão Especial que debateu o projeto do deputado Arthur Maia, relator da PEC 287. Segundo o documento, o substitutivo aprovado “manteve a espinha dorsal da proposta inicial, ainda que vários dispositivos tenham sido alterados”.
 
O economista Clóvis Scherer, da equipe responsável pela Nota Técnica, advertiu que o texto, manteve, no essencial, o eixo de endurecimento das regras de acesso e o rebaixamento no valor médio dos benefícios previdenciários.
 
“O endurecimento das regras fará com que milhares de contribuintes não tenham acesso à aposentadoria. Conforme a última pesquisa, com base em dados de 2014, dez milhões de pessoas não conseguiriam se aposentar por não atingirem os requisitos mínimos exigidos. Com regras mais duras, a tendência é que o número aumente”, disse o estudioso.
 
Segundo Scherer, levando-se em consideração o atual cenário econômico, o alto nível de informalidade e o valor médio das contribuições feitas à Previdência, o objetivo do governo Temer com a reforma é diminuir a chamada taxa de reposição (valor médio entre a aposentadoria e o salário antes de se aposentar).
 
“O objetivo do governo é pagar menos. Esse novo cálculo, que leva em conta toda a média salarial do indivíduo, foi feito para que a pessoa receba um benefício menor. Essa reforma não mira só a questão financeira. As mudanças vão muito mais além, levando-se em conta os motivos pelos quais o governo tem tanto interesse em modificar as regras da aposentadoria. Ela corrói a Previdência Pública, favorece a previdência privada e pode ter um efeito contrário ao que supostamente propõe”, alerta o Dieese.