Seguidores de Bolsonaro agredem Maria do Rosário nas redes sociais

A senadora Maria do Rosário (PT-RS) voltou a ser alvo da militantes da extrema-direita. O grupo apoia o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), condenado no Superior Tribunal de Justiça por danos morais. Condenação de Bolsonaro em segunda instância leva partidários da extrema-direita a cometer mais crimes. As organizações de defesa dos direitos das mulheres acusam Jair Bolsonaro de incitação e apologia ao crime.

Jair Bolsonaro - Foto: Internet

“Informo q +uma vez grupos criminosos de apoio ao deputado hj condenado descobrem na Câmara meu nº e usam whats para agressões sem limite”, escreveu a senadora, em mensagem nas redes sociais.

Na véspera, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, por unanimidade, a decisão da primeira instância que condenou Bolsonaro a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais à também deputada Maria do Rosário.

"Muito feia"

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou Bolsonaro por ter dito, em 2014, que Maria do Rosário não mereceria ser estuprada por ser “muito feia”. Ela não faria seu “tipo”. As declarações foram dadas na Câmara e também em entrevista a um jornal.

O deputado foi condenado ainda a publicar uma retratação em jornal de grande circulação e em suas páginas nas redes sociais. Ele ainda não cumpriu nenhuma das determinações da Justiça, agora reiteradas pelo STJ.

A defesa de Bolsonaro argumenta que ele goza de imunidade constitucional, não podendo ser alvo de ações do tipo ou de condenações por palavras que tenha proferido enquanto deputado. Entretanto, a Justiça entendeu até o momento que as declarações dele foram feitas fora do contexto da atividade parlamentar.

Tática da baixaria

Bolsonaro ainda pode recorrer da decisão junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na Corte Suprema, porém, o deputado já é réu em duas ações penais no mesmo episódio. Ambas são relatadas pelo ministro Luiz Fux.

O deputado de tendência neonazista, porém, tem recebido o apoio de um grupo de extrema-direita, que age nas redes sociais. A tática dos seguidores de Bolsonaro é incluí-la em grupos do WhatsApp “sob medida”. Estes são compostos por policiais, detratores de direitos humanos, racistas, neonazistas; além de, obviamente, comunidades de apoiadores do deputado de ultradireita. Todos fazem campanha para o parlamentar afinado com o fascismo, com vistas a 2018.

Quando a deputada petista sai dos grupos e bloqueia quem a adicionou, outro integrante a adiciona de volta. Eles deixam mensagens grosseiras, com ofensas pessoais à parlamentar. Há também mensagens de texto do mesmo teor. O material tem sido encaminhado à Polícia Federal e seus detratores serão, um a um, processados pelas agressões.

Em fevereiro, Maria do Rosário foi alvo de uma campanha sórdida, na internet. Passaram a difamar a filha dela, de 16 anos. Os autores das detrações foram extremistas ligados ao candidato do Partido Patriota, ex-PEN.

Agressões

Imagens da garota foram publicadas em sites como um certo “Faca na Caveira”, hospedado na Austrália. A página contém “matérias” sobre, por exemplo, “quatro tipos de armas que todo brasileiro deveria ter em casa”.

Os caluniadores se reúnem no site 55chan, conhecido por ser um antro com toda sorte de conteúdo racista, homofóbico, antissemita, militarista, pornográfico. Todos são anônimos e trocam informações sobre protocolos para se proteger de rastreamentos.

Bolsonaro é uma espécie de “messias” para esses seguidores. Eles tentam arregimentar subcelebridades: “Se o Alexandre Frota não falar sobre o assunto, a parada vai esfriar”, conclui um seguidor de Bolsonaro.