Comissão da Verdade venezuelana vai investigar violência em protestos

A Comissão da Verdade da Venezuela, instituída pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e instalada nesta quarta-feira (16), anunciou a abertura de uma investigação sobre os incidentes violentos ocorridos em manifestações contra o governo entre abril e agosto deste ano.

Manifestação em Caracas - Efe

"Decidimos abrir uma investigação contra as pessoas responsáveis pelos fatos de violência acontecidos no ano de 2017, pela gravidade, por terem gerado crimes de ódio", disse a presidente da ANC, Delcy Rodríguez, na sessão de abertura da Comissão.

Delcy mostrou, durante sua fala, uma foto do deputado opositor e vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara, junto a um dos jovens da chamada "resistência", que enfrentaram as forças de segurança durante os protestos contra o presidente Nicolás Maduro, nos quais morreram mais de 120 pessoas. Além disso, Rodríguez citou ter tweets, mensagens pelas redes sociais, fotografias de líderes da oposição venezuelana responsáveis pela convocação e organização dos eventos violentos na Venezuela.

As investigações estarão dirigidas, segundo disse, aos "responsáveis da convocação e organização destes fatos violentos", que, no caso da maioria das marchas e protestos contra o governo, foram convocadas por decisão unânime de todos os líderes da principal aliança opositora, a Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"A Venezuela esteve durante mais de três meses acostumada ao tipo de imagens onde um deputado da República se dedicou a propiciar e promover os fatos violentos com fins políticos", disse Rodríguez, referindo-se a uma foto de Guevara convocando protestos.

A comissão terá amplos poderes para determinar os responsáveis pela violência registrada nos protestos, principalmente nos anti-Maduro, e para outorgar anistias, indultos, fazer interrogatórios, visitas e emitir recomendações com caráter vinculativo.