Quênia: eleição é desacreditada pela oposição e há protestos violentos

Dez anos atrás, revoltas devido as eleições deixaram mais de mil mortos. Nesse ano de 2007 a votação ocorreu na terça-feira (8) e apesar de Uhuru Kenyatta ter sido proclamado o vencedor, a oposição acredita que houve uma fraude e há protestos em diversos lugares

Por Carolina Marcheti*

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Nas eleições de 2007 a contagem de votos foi abruptamente interrompida e o presidente em exercício foi declarado o vencedor, o que desencadeou protestos e ondas de violência étnica nas quais 1.300 pessoas morreram e 600 mil foram desalojadas.

Dez anos depois mais precisamente na terça-feira (8), Uhuru Kenyatta foi anunciado o vencedor das eleições com 54% dos votos. No entanto, o líder da oposição Raila Odinga não reconhece os resultados oficiais, os considerando uma fraude, e se autoproclama vencedor.

Não acreditando nas eleições, muitos Quenianos foram as ruas e os violentos protestos envolvem diferentes regiões do País, particularmente os bairros de Kibera e a cidade de Nairobi, onde foram mobilizados centenas de políciais de intervenção rápida que utilizam armas de fogo.

Lucy Opoka, uma queniana estudante de direito diz que: “durante as eleições nós ficamos em casa a maioria dos dias, mas era possível sair para locais próximos[…]Agora a violência se concentra principalmente na cidade de Lamu[…]há relatórios de pessoas que foram baleadas por protestarem e duas crianças morreram também”.

De acordo com a Rádio Vaticano a revolta “já causou mais de vinte mortos[…] o Secretário-Geral da ONU, Guterres apelou ao candidato derrotado Raila Odinga para ‘enviar uma mensagem clara aos seus apoiantes para que se abstenham de recorrer à violência’, um apelo à moderação veio também da União Europeia e a Grã-Bretanha. ‘Em linha com a União Africana, a União Europeia – disse numa declaração a Alta Representante da UE, Mogherini – espera que a oposição respeite os resultados e utilize os meios legais disponíveis para fazer valer as suas recriminações”.

No entanto, Odinga insiste para que haja um julgamento sobre as eleições e na quarta(16) ele se pronunciou dizendo: “Pela terceira vez seguida a voz do povo foi roubada e pela terceira vez em uma década o candidato que perdeu a eleição foi declarado presidente[…] IEBC (corpo eleitoral queniano) pode ter declarado que Uhuru Kenyatta é o presidente mas há um vasto numero de quenianos que não aceitam a legitimidade dessa decisão e não vão aceitar até que nossas questões sejam respondidas”