Aldo Rebelo defende unidade em defesa da democracia e do crescimento

O ex-deputado pelo PCdoB e ex-ministro de Lula e Dilma, Aldo Rebelo defendeu a unidade nacional enquanto condição para o crescimento do país e retomada da normalidade democrática. Ele foi o principal palestrante no Seminário de Planejamento dos Metalúrgicos de Guarulhos, realizado no dia 10 de agosto.

Aldo Rebelo e João Franzin

Rebelo alerta para a necessidade de se retomarem bandeiras que unificam o País. Segundo ele, são “a luta pela democracia, a defesa dos direitos do povo e a busca da soberania”. O ex-presidente da Câmara, no governo Lula, também defendeu o custeio sindical. “Liquidar as formas de financiamento dos trabalhadores é uma anomalia”, afirma.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Rebelo à Agência Sindical

Reconstruir a unidade nacional

A elite quebrou essa unidade e gerou um trauma. A repercussão do trauma permanece. Devemos reconstruir o caminho da unidade em torno das bandeiras históricas do Brasil, que são a luta pela soberania, a luta pelos direitos do povo e a luta pela democracia – elementos permanentes de construção do nosso País. Haverá resistências, pois nem todos defendem essas bandeiras, nem todo mundo é nacionalista, nem todo mundo é democrata, nem todo mundo defende os direitos do povo.

Mas esses objetivos têm poder de unir amplamente o País e isolar setores que resistem. É em torno dessas ideias que eu, junto com amigos, redigi um manifesto. Divulgamos e espalhamos sem qualquer pretensão que não seja dar prosseguimento ao esforço de construção de um Brasil independente, justo, socialmente equilibrado e democrático.

Romper com o rentismo

Isso se rompe com ideias. Cito as iniciativas do ex-ministro Bresser-Pereira e também do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, que têm batido na tecla do desenvolvimento. Não existe engenharia nacional sem desenvolvimento e o Sindicato e a Federação dos Engenheiros têm liderado o movimento em torno do desenvolvimento, com repercussão em todo o Brasil. O Bresser-Pereira também divulga manifesto com essa preocupação central. Como intelectual, como liderança política, ele tem dado uma contribuição importante.

Trocamos, inclusive, ideias. Seu manifesto é mais centrado na questão econômica. Já o que eu escrevi aponta mais objetivos gerais. Mas são objetivos e ideias que se comunicam no rumo da luta pelo desenvolvimento, pela democracia e pelos direitos sociais.

Militares e movimento sindical

Acho que pode até haver preconceito ou desconfianças de parte a parte. Quem viveu sob o regime militar e a repressão tem as suas desconfianças. E como o movimento sindical resistiu à ditadura há também desconfiança do lado de lá. Mas essas desconfianças devem ser administradas em função do interesse maior. Os militares têm interesse no desenvolvimento do Brasil. As Forças Armadas são instituições de Estado, desde que exista Estado.

Se não existir Estado, elas perdem função e papel. Elas são instituições da Nação, desde que exista Nação. E os trabalhadores têm esse interesse em comum. Interesse na Nação, interesse no Estado, porque o serviço público depende do Estado. Ambos são entes essencialmente nacionais.

Acho que essa plataforma comum deve aproximar trabalhadores e militares no sentido democrático. Não pra conspirar, e sim pra lutar por aquilo que é comum ao País.

A comunidade nacional é integrada por essas instituições, pelas forças sociais, que os trabalhadores representam, e pelas instituições de Estado, que os militares representam.

Sindicalismo e custeio

Uma sociedade democrática deve assegurar que os seus integrantes participem da vida social e política.

Os empresários têm os seus meios. Têm as suas instituições, se financiam pra isso. Além de ter o financiamento de Estado, no caso do Sistema S.

Se você amputa dos trabalhadores o meio de sua participação, você está amputando instrumentos de participação democrática. Por isso, acho que liquidar a forma de financiamento dos trabalhadores na vida social, política e sindical não é uma coisa que se sustente. É anomalia, é coisa de momento da ofensiva de setores muito conservadores. Mas acho que isso vai se reequilibrar e alguma forma de custeio da luta dos trabalhadores vai permanecer no Brasil.

Assista à integra da entrevista em vídeo: