Maduro responde a Trump com povo nas ruas e exército cívico-militar

Representantes de organizações e setores sociais lotaram os arredores do Palácio de Miraflores, sede da Presidência da República, em Caracas, ponto de chegada de uma mobilização em repúdio às ameaças belicistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na última sexta-feira (11) manifestou sua pretensão de intervir militarmente na Venezuela.

Manifestação na Venezuela contra Trump - Presidência da Venezuela

Durante a manifestação, o chanceler da República, Jorge Arreaza, chamou o povo a mobilizar-se em defesa da independência e da soberania do país. “Quando mais se intesifica a ameaça imperial, é quando mais o povo tem que sair às ruas e demonstrar que somos um povo soberano e digno”, assinalou.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou nesta segunda-feira (14) que o povo nas ruas é a resposta da Venezuela às ameaças belicistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Outra vez o povo, outra vez a rua, outra vez o heroísmo, outra vez a valentia diante da ameaça do imperialismo, a ameaça do magnata e imperador Donald Trump. Aqui está a resposta do povo na rua”, disse o chefe de Estado no Palácio de Miraflores, em Caracas, para onde marcharam os venezuelanos em repúdio às ameaças do governo norte-americano, e indicou que também houve mobilizações em algumas capitais de outros estados.

Maduro recordou que no úlrimo dia 30 de julho, durante as eleições da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o povo deu uma lição de paz ao mundo, depois que durante mais de três meses setores da direita submeteram algumas cidades a uma situação de violência.
“Demonstramos ao mundo que a Venezuela é capaz de derrotar a violência, as balas. É capaz de cruzar rios, montanhas, cidades. É capaz do maior heroísmo”, disse em transmissão conjunta de rádio e televisão.

Igualmente, confirmou que o povo não responde a ordens de nenhum império, tal como o governo dos Estados Unidos pretendeu impor.

“O imperialismo deu uma ordem e o povo venezuelano não cumpre ordens do imperialismo. O povo da Venezuela é um povo livre, rebelde, valoroso”, enfatizou.

Maduro ressaltou que a Venezuela é um país de paz, independente e soberano, que não aceita ameaças de nenhum império. “(Trump) ameaçou a Venezuela com a aplicação da opção militar, ameaçou ocupá-la militarmente. Vocês creem que o povo da Venezuela pode ser ameaçado? Não conhecem nosso povo nem nossa história. A Venezuela não pode ser ameaçada, senhor Trump. A Venezuela é um país de paz, de dignidade”, expressou.

Na opinião do presidente, trata-se da frase mais insolente que já se disse contra a Venezuela em sua história diplomática. “Trump, jogando golfe em seu campo privado, estava com Rex Tillerson, seu chanceler, e com sua embaixadora nas Nações Unidas, saiu a dar declarações e disse a frase mais insolente, desproporcional, vulgar e ofensiva que jamais se disse contra a Venezuela na história das relações internacionais”, manifestou.

Maduro ressaltou o exemplo de democracia que a nação deu. “A Venezuela deu exemplos ano após ano. A Venezuela detém o recorde mundial de processos eleitorais de todo tipo nestes 18 anos que se passaram da Revolução Bolivariana, de revolução socialista”, disse, e comparou este fato com as oito eleições que os Estados Unidos realizaram no mesmo período.

Indicou que os ataques e as agressões conduzidas pela direita nacional e internacional contra a Venezuela, e da qual está na vanguarda o império estadunidense, se devem precisamente a que não puderam tomar o poder pela via democrática.

O chefe de Estado agradeceu aos povos do mundo que manifestaram sua solidariedade e seu rechaço às pretensões dos Estados Unidos.

Exercício cívico-militar

O presidente informou que nos próximos dias 26 e 27 de agosto se realizará em nível nacional um exercício cívico-militar de defesa integral armada.

“Dei a ordem ao Estado Maior superior da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) para iniciar os preparativos para um exercício nacional cívico-militar de defesa integral armada”, indicou.

O chefe de Estado instou o Movimento Somos Venezuela a desenvolver um dispositivo para incorporar o povo venezuelano ao plano de defesa, que denominou como Exercício Soberania Bolivariana 2017.

Justiça

O mandatário reiterou que os responsáveis intelectuais das ações de vandalismo e terroristas executadas por 120 dias para justificar uma intervenção estrangeira devem responder ao povo. “Buscavam justificar uma intervenção gringa na Venezuela”, alertou.

Nesse sentido, pediu à Assembleia Nacional Constituinte (ANC) que, através da Comissão da Verdade, cite aqueles que convocaram as ações de vandalismo responsáveis por um saldo de mais de 100 pessoas assassinadas e mais de mil feridos, assim como danos a bens públicos e privados.

Ademais, solicitou à Comissão da Verdade da ANC que inicie um processo sobre os agentes pró-ingerência que respaldam as ameaças dos Estados Unidos contra o país.

“A oposição política da Venezuela ficou na lona. O povo venezuelano aplicou um verdadeiro nocaute fulminante à oposição violenta em 30 de julho”, afirmou. “Ainda não se recuperaram do nocaute”, e “desde o dia 30 de julho reina a paz”.

O chefe de Estado questionou o comunicado da coalizão de direita MUD, em que justificam a ameaça de Trump. “Não dizem nem uma palavra para defender o direito à paz desta terra sagrada que é a Venezuela”, lamentou.

Advertiu que os Estados Unidos entraram em “fase de desespero” e intensificaram sua ingerência contra o país, depois do fracasso da oposição venezuelana.

“O povo lhes proporcionou uma derrota em 30 de julho, e diante dessa derrota da oposição apátrida, decidiram sair eles mesmos para tratar de enfrentar a Revolução Bolivariana sem rodeios, sem hipocrisia, sem duas caras”.

De igual modo, denunciou que nos Estados Unidos está crescendo uma nova corrente fascista que ameaça os povos da América Latina e do mundo.

“Nos Estados Unidos surgiu uma corrente de supremacistas brancos. Por trás do levantamento dos supremacistas brancos está o poder oculto do Ku Klux Klan e dos extremistas que agridem a Venezuela e os emigrantes do mundo, que odeiam e desprezam os povos da América Latina e do Caribe”, enfatizou.

Recuperação econômica

O presidente assinalou que recuperar a estabilidade e o equilíbrio da atividade econômica nacional é a tarefa central do país, que conta com mecanismos como a ANC para concretizar esse propósito.

“Vai haver justiça, paz e vamos recuperar o caminho do desenvolvimento integral, político, econômico e social da Venezuela. Não podemos deixar que nos desviem das tarefas econômicas. Assim como reconquistamos a paz política, vamos recuperar a paz econômica”, disse o chefe de Estado.

Manifestou que o povo constituinte e a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) impulsionarão a reconstrução do modelo econômico, que foi afetado pelas manobras de ingerência do império norte-americano.

O chefe de Estado informou que nos próximos dias, através do Conselho Nacional de Economia, se realizarão importantes anúncios que permitirão recuperar a estabilidade econômica no país.

Novas eleições

O presidente instou o povo a organizar-se para as eleições de governadores. “Peço todo o seu apoio na tarefa política que nos cabe assumir para o mês de outubro”, comentou.

Assinalou que apesar da insistência da direção oposicionista em desconhecer o Poder Eleitoral, os partidos políticos Ação Democrática, Um Novo Tempo, Primeiro Justiça e Vontade Popular inscreveram seus candidatos para os 23 governos estaduais do país.

“Quero agradecer aos candidatos da oposição que inscreveram suas candidaturas dando respaldo ao Conselho Nacional Eleitoral. Isso quer dizer que reconhecem a legitimidade do Poder Eleioral e as eleições da Assembleia Nacional Constituinte”, expressou.