Com vitória, estudantes desocupam Câmara após 2 dias de resistência

Sob o lema “ocupar e resistir”, a juventude paulistana mostrou que a luta política – por uma cidade mais democrática e contra os desmontes de Doria – está apenas começando.

Por Verônica Lugarini*

Desocupação da Câmara de SP - Facebook/Jornada de Lutas da Juventude

Depois dois dias de luta e resistência, os estudantes desocuparam a Câmara Municipal de São Paulo, por volta das 13h, desta sexta-feira (11). Uma das principais conquistas dos estudantes foi a não criminalização do movimento de ocupação, garantido pela lei brasileira, por meio de uma reintegração com o prazo de até 5 dias para a desocupação do local e sem qualquer uso da força.

A decisão foi deferida pelo juiz Alberto Alonso Muños e caso não acontecesse, ela seria realizada pela Polícia Militar, com a definição de que não pode ser utilizado qualquer tipo de munição, mesmo não letal, como bala de borracha e gás lacrimogêneo. Além disso, diante de ocupados menores de idade, o Conselho Tutelar acompanharia toda a ação de reintegração de posse do plenário.

Essa sentença é a validação da integralidade e do direito da manifestação, um avanço diante das ações policiais durante reintegrações passadas, como por exemplo, as ocupações das escolas por secundaristas em 2015 e outubro de 2016.

Em entrevista ao Portal Vermelho, uma estudante que participou da ocupação, declarou que o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), se recusou ao diálogo, mesmo antes da ocupação.

“O Milton Leite não desceu em nenhum momento ao plenário, ele disse que não dialogaria enquanto houvesse uma ocupação na Câmara e que nossas pautas não seriam atendidas ou discutidas. Tentamos diversas vezes criar uma ponte para as negociações, porém, sem sucesso. Inclusive, antes da ocupação criamos comissões para discutir as reivindicações e fomos à duas comissões, mas sem sucesso. Não houve diálogo”, disse a estudante.

No dia da ocupação, quarta-feira (9), os estudantes precisaram resistir às ofensivas do presidente da Câmara, que deixou os manifestantes em situação análoga a cárcere privado por 10 horas, ou seja, impedindo a entrada de comida, restringindo o acesso a água e consequentemente, o uso de apenas um banheiro que foi disponibilizado no local.

A tentativa de sabotagem do presidente da Câmara não foi adiante, por conta da intervenção do Padre Júlio Lancellotti e dos deputados como Eduardo Suplicy (PT), Juliana Cardoso (PT) e Sâmia Bomfim (Psol).

Agressões

A estudante ainda relatou ao Portal Vermelho que durante as ações para ocupação, ela e uma secundarista foram agredidas por uma segurança. A menina menor de idade foi puxada pelo capuz da blusa na hora da ocupação e a jovem, maior de idade, foi segurada pelo braço e empurrada para o lado.

Mesmo com isso, os estudantes resistiram e continuaram sua luta que rendeu conquistas e reconhecimento de um movimento que continuará lutando por uma cidade para todos.

Jornadas de Lutas da Juventude

No mês do estudante, movimentos e organizações da juventude se reúnem para realizar diversos. No dia 17 de agosto, haverá o grande ato unificado que reunirá todos os estudantes de todo Brasil em prol das Diretas Já, em defesa da Educação Pública e Gratuita e contra os desmontes.

"Escrevemos mais um capítulo da história do país. Ousamos e tivemos a coragem de carimbar o João Dória como o marketeiro que tira o leite das crianças, joga água em moradores de rua, apaga as cores da cidade, desmonta os serviços públicos e quer vender os nossos patrimônios. Não daremos paz! Segunda-feira, estaremos em cada gabinete desta casa, cobrando o Plebiscito.

Convidamos a todas e todos a somarem na luta, contra as privatizações e em defesa do Passe Livre Estudantil. No dia 17, construiremos um grande ato, da Jornada de Lutas das Juventudes para dizer ao Dória que resistência nos define e não vamos descansar. Apenas começamos! A luta continua", disseram os estudantes após a desocupação na coletiva de imprensa.