Ativista Cédric Herrou condenado na França por ajudar migrantes

A história do agricultor de vale de Roya, Cédric Herrou começou em 2015 quando de forma voluntária ele começou a prestar auxílio a migrantes, a maioria do Sudão e da Eritreia, que tentavam entrar em França, através do vale de Roya, na fronteira com a Itália. Ele é um dos principais mentores da associação de defesa e ajuda a migrantes (roya-citoyenne.fr) e acabou fundando com mais ativistas nesta pequena vila francesa.

Cedric Herrou - Foto: AFP

Na última terça-feira (8), o tribunal de segunda instância da cidade francesa de Aix-en Provence voltou a condenar o ativista a quatro meses de prisão com pena suspensa. Na declaração aos jornalistas Cédric reafirmou que “não se arrepende” de que fez pelos migrantes e que a sentença “é escandalosa por parte da justiça francesa”.

“Era melhor que me prendessem, era mais simples” declarou na porta do tribunal aos jornalistas. “Nós agimos porque o Estado falhou”, acrescentou.

Em seguida dizendo aos jornalistas convidou o presidente do tribunal a ir ao vale de Roya para “ver os migrantes que serão detidos pela policia e a conversar com a família dos 15 migrantes que faleram na fronteira franco-italiana”.

O juiz do tribunal declarou que a punição se tratava de uma advertência avisando que “se for condenado novamente, ele corre o risco de que esta sentença seja executada”.

Cédric Herrou considera não ter feito nada de ilegal, pois a lei francesa dá o direito aos cidadãos de protegerem e prestarem auxilio humanitário a migrantes. Mas o procurador de Nice não tem o mesmo entendimento da lei.

A acusação do ministério público diz que Cédric Herrou subverteu a lei, pois usava o seu carro pessoal para transportar imigrantes da cidade italiana de Ventimiglia, até à de Vale de Roya, onde vive e trabalha como agricultor.

Ele foi detido inúmeras vezes e ja foi condenado pelo tribunal de primeira instância, cidade de Nice, com uma multa de 3 mil euros, com pena suspensa. Mas o procurador de Nice recorreu da sentença e agora, em segunda instância, o tribunal determinou a pena de quatro meses de prisão, com pena suspensa.

Na cidade do vale de Roya, na fronteira com Itália, a polícia e os militares franceses têm usado o estado de emergência do país para deter os migrantes que chegam ao território francês, deportando-os para a Itália. Estes migrantes aguardam meses em Itália à espera de respostas aos pedidos de asilo de forma a poderem passar pela fronteira.