Juiz substituto manda soltar policiais envolvidos em massacre no Pará

O juiz substituto de Redenção, Jun Kubota, mandou soltar os 13 policiais envolvidos no massacre de Pau D'Arco, no Pará, sob a legação de que não havia mais necessidade da detenção para a conclusão da investigação.

Pau D Arco - Ascom PF

A decisão foi anunciada nesta terça-feira (9), o juiz não renovou o pedido de prisão preventiva dos 11 policiais militares e 2 civis acusados de terem assassinado 10 trabalhadores rurais durante a ação de reintegração de posse da fazenda Santa Lúcia, em Pau d'Arco, no Pará no dia 24 de maio. Os policiais devem ser liberados nesta quarta-feira (9), quando termina o período da detenção.

Os policiais acusados estavam presos desde o dia 10 do mês passado a pedido do juiz titular Haroldo Silva da Fonseca – que acaba de sair de férias – sob a acusação do Ministério Público do Estado do Pará de terem executado os trabalhadores sem-terra no acampamento da fazenda sem chance de defesa.

A liberação dos policiais vai em direção oposta da tomada pelo juiz titular que determinou a prisão como stratégia para assegurar que as investigações seguissem sem interferência e para resguardar todas as pessoas envolvidas no caso, o que foi completamente ignorado pelo juiz Jun Kubota. Agora, testemunhas, companheiros de acampamento e parentes dos trabalhadores rurais mortos estão com medo e sob grande risco.

Como aconteceu com a morte de Rosenildo Pereira, no dia 7 de julho. Ele era uma das lideranças do acampamento na fazenda Santa Lúcia e vinha sofrendo ameaças. 

As organizações de direitos humanos também temiam que as investigações não fossem concluídas por conta das férias do delegado da Polícia Federal que está à frente do massacre

Em entrevista ao portal Uol, o promotor Leonardo Jorge Lima Caldas, designado para acompanhar o caso e autor do pedido, informou que a soltura dos policiais representa um risco para as investigações que ainda estão em andamento e relatou que os policiais suspeitos estariam intimidando outros policiais que participaram da chacina. Ele também complementou:

"As testemunhas, quando reinquiridas pela Polícia Federal, deram depoimentos diferentes e mais detalhados do que aqueles que deram em maio, no calor dos fatos. Ou seja, estavam se sentindo muito mais à vontade para falar", disse em entrevista ao Uol.

O Ministério Público já deixou claro que vai recorrer da decisão no Tribunal de Justiça e em entrevista ao site Justiça Global, Caldas ainda disse:

“A nossa expectativa é de que o desembargador que assumir o caso reveja a decisão da primeira instância, entendendo a gravidade da situação”, explicou.

Acesse AQUI o documento com o pedido de prorrogação das prisões temporárias.