Entre o fisiologismo e o neoliberalismo: cortar favores ou empregos

 Foi anunciado um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para servidores, na tentativa de cortar gastos do governo. O plano prevê tanto a possibilidade de exoneração quanto a de redução da carga horária. Espera-se com isso economizar R$1 bi por ano. Por outro lado, Temer gastou o equivalente a 15 anos de economia com o PDV ao aprovar programas e liberação de verbas como aceno à base aliada antes da votação sobre inquérito contra ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O anúncio do governo dialoga com o mito de que o Estado brasileiro seria inchado, mas estudo de José Celso Pereira Cardoso Jr. e Roberto Passos Nogueira (2013) analisado aqui aponta que, com a retomada dos concursos públicos na década de 2000, o número de servidores civis ativos da administração federal apenas voltou ao patamar de mais de 600 mil, vigente na primeira metade de 1990: os concursos públicos teriam buscado somente recompor a capacidade do Estado, perdida nos anos 1990, como mostra o gráfico abaixo.

Ainda, apesar desse aumento, entre 2003 e 2010, o percentual de vínculos nas três esferas públicas em relação ao total de vínculos formais da economia diminuiu de 25,2% a 21,8%.

O governo repete assim receitas aplicadas em outros países, que levam ao aprofundamento da crise econômica ao reduzir ainda mais o emprego e ao aprofundar cortes na capacidade do Estado. Por outro, aprofunda o fisiologismo.