Luiz Melodia: retalhos da conversa com um ícone da MPB e do Brasil

Lançou 16 álbuns ao longo de sua carreira; ganhou o Prêmio Música Popular Brasileira de Melhor Cantor em 2015. O Portal Vermelho selecionou trechos da entrevista do artista para o Gafieiras, de 2002, onde ele fala da infância no morro, das lembranças de juventude, da ditadura, do começo da vida como compositor e de sua carreira 

Por: Alessandra Monterastelli*

Luiz Melodia

Segundo divulgado na matéria do El País de hoje, sobre a morte do compositor nascido no morro do Estácio e que conquistou o Brasil com sua música, uma mistura de samba, suingue e MPB, Luiz Melodia se definia como um compositor "da perifa do Rio". "Eu sou um compositor de tudo, mas [antes de tudo] sou um negro", teria dito na casa do cantor Zeca Pagodinho, por quem tinha muita admiração.

A seguir, os melhores trechos selecionados pelo Portal Vermelho da entrevista publicada no site Gafieiras, realizada em São Paulo no dia 5 de junho de 2002.

Max Eluard, Dafne Sampaio, Daniel Almeida, Ricardo Tacioli, Sérgio Seabra – Como foi sua infância, Luiz?

Melodia – [silêncio] Tive uma infância legal pra caramba. Humilde, porque sou cria do morro, Morro do São Carlos, divisa com Estácio. A época de garoto talvez tenha sido um dos momentos mais legais, embora difícil, família humilde, condições pequenas, porém honestas.

Seus pais faziam o quê?

Meu pai, Oswaldo Melodia, [ri] era funcionário público. Minha mãe era costureira, uma costureira de mão cheia. Sempre comento isso, inclusive sempre falo que eu desenhava as minhas roupas e minha mãe as fazia. Era um barato! Tive uma infância maravilhosa! A pipa, a bola de gude, enfim, aquela ligação mesmo de menino de bairro, de favela, que corria. Liberdade, passarinho.

E a música já estava presente?

Já, já. Meu pai era compositor. Os primeiros acordes aprendi com ele. Ele tinha uma viola de quatro cordas que se chama “Viola americana”, com aqueles bojos. Não eram bojos, eram…

Seu pai frequentava a Igreja. Sua família era muito religiosa?

Era. Meus pais eram batistas. Eles iam, meus irmãos e eu também. Sou o único homem. Quatro irmãs. Então, todos íamos para a 1ª Igreja Batista, que ficava na Ladeira do Estácio. Até hoje ela se encontra lá, não sei se vocês conhecem? 1ª Igreja Batista, lá no Largo do Estácio, monumental, aquela beleza. E lá eu cantava também. Lá já esboçava um profissionalismo, porque era não-sei-o-quê dominical em que tinha um grupo, não era gospel, porque a 1ª Igreja Batista não tinha esse lance de gospel. No Brasil, nunca vi um som igual aos dos americanos. Mas eram hinos que eu cantava, participava do grupo. Era interessante. Eu gostava porque me libertava mais para poder cantar. Eu gostava pra caramba. Essa coisa fortificava pra caramba minha vontade.

Mas você tinha uma relação forte com a religião ou estava ali apenas para cantar?

Estava lá pela música. [ri] Pela religião, nada. Mas sempre respeitei a conveniência dos meus pais em relação ao Evangelho. Eu era um pouco rebelde diante disso. Era um ateu, ainda mais jovem demais. Na verdade, eu ia mais para cantar. Naquela época já cantávamos no morro. Eu lembro que tinha um primo meu chamado Gilson, que a gente fazia uma dupla em casa, mas era só de brincadeira. Eu cantava muito.

Hoje em dia toda molecada que nasce na periferia, no morro, vê na música uma salvação. Todo mundo quer ter uma banda de pagode, de funk, de rap. Na sua época existia isso, de encarar a música como uma porta de salvação?

Não sei se era a salvação, porque havia uma molecada da minha idade que gostava de música sem ter essa expectativa. Era um prazer, realmente. Inclusive, havia alguns grupos. Lembro-me dos Instantâneos, que foi um dos primeiros grupos que organizamos, que tinha porrada pra caralho. O grupo era formado por mim, pelo Mizinho, que era baterista – ele não tinha as pernas, que as perdeu nas traquinagens nossas de bonde, mas tocava bateria legal pra caramba –, Manuel, guitarra, e Nazareno, que era irmão do Manuel, no baixo. Era divertido porque tocávamos em tudo quanto era lugar. Desde casamentos às festas juninas ou do bairro mesmo – festa humilde, mas de uma fortaleza. A gente tocava até amanhecer.

E qual era o repertório?

De Jovem Guarda ao que estava acontecendo, ao que era sucesso. Cantávamos também Beatles, embora não sabendo de porra nenhuma. [risos] Ninguém sabia inglês.

Você tinha 17, 18 anos?

Por aí. Era muito divertido porque não havia nenhum compromisso em aprender inglês, até porque não havia condições, pessoal humilde, pobre, apesar de alguns terem uma certa condição, mas na verdade era mais uma diversão, era mais uma vontade de ser um astro, ou de admirar um cara e “quem dera se um dia eu…” [ri]. Era a onda! [ri] E desses pop stars que faziam sucesso, a gente cantava as músicas deles.

Você gostava muito da Jovem Guarda, mas deve ter sido bombardeado pelo samba. No morro não tinha como se livrar do samba, né?

Impossível. Havia as escolas de samba, inclusive a Estácio. Mas existia um lance até legal. Meus pais tinham uns grilos com o samba. Talvez fossem os lugares mais barras-pesadas. Eles não queriam que eu fosse. Então, não davam muita força para que a gente freqüentasse a quadra, né?

Isso era em que década?

Tudo em 60. Depois, na de 70, que Luiz Melodia foi descoberto ou, Luiz Melodia descobriu o Wally Salomão [n.e. Poeta, compositor, produtor e diretor artístico baiano]. “Tem uma rapaziada ali no São Carlos que é maravilhosa”. Uma turma fantástica. Eles subiam no morro, até porque tinha novidade, tinha algo interessante que não havia na zona sul.

E não estavam indo atrás do samba, especificamente.

Não, é ruim ir atrás do samba. Iam atrás de outras coisas. [risos] Não estou falando nem de drogas, não! Estou falando mesmo de cultura, de estar lá. Filmavam, fotografavam e tudo era novidade.

E como esse bando de branquelos era recebido?

Bem. Não havia nenhuma arrogância. Até hoje não tem, mesmo com a bandidagem, com AR-15, drogas e o caralho. Nunca houve uma arrogância assim, a não ser se você mexer agora, ou tiver qualquer relação diferente que esteja envolvida com a droga. Mas naquela época os caras chegavam lá. Iam cedo. O Wally mesmo era uma das primeiras pessoas a chegar. E ficava direto, né? Tocava muito, quando não era eu, eram outros músicos, outros que tocavam ou apresentavam música. Aquela troca. Foi quando aconteceu de conhecer a Gal Costa.

Quando essa turma subiu, você estava fazendo o que exatamente?

Eu já estava quase desistindo de música. Isso porque eu já tinha tentado muito. Inclusive, ia pra programas de calouros da Rádio Mauá, Rádio Roquete Pinto. Fui muitas vezes, e sozinho. Já freqüentava essa onda, tentando. Mas quando Wally Salomão e aquela turma surgiram, parece que caíram do céu. Numa boa.

Então, como é que foi mostrar para essa turma uma coisa sua? Qual era o ambiente, na casa de quem?

O ambiente era dos melhores. Comecei a ter um contato com o pessoal da zona sul que, talvez, devo ter percebido, foi a grande chegada. Os caras tinham contato! Na época, o Wally Salomão ia dirigir o Gal a todo vapor. Foi quando ele foi ao morro e a gente se conheceu. “Porra, se você apresentasse esse menino, Melodia, à Gal Costa…”, disseram. Quer dizer, a música. Eu e a música, Luiz Melodia. [risos] Nisso, o Torquato Neto [n.e. Poeta, jornalista, cineasta, roteirista, ator e produtor cultural, Torquato Pereira de Araújo Neto, 1944-1972, nasceu em Teresina, PI, e foi um dos pilares do movimento tropicalista] já estava escrevendo sobre o meu trabalho, antes de eu mostrar minhas canções à Gal Costa. Não mostrei uma só, mostrei outras, independentemente de “Pérola negra”. Mas o Torquato Neto já falava do meu trabalho naquela Geléia Geral, uma coluna que ele tinha no Última Hora [n.e. Coluna assinada entre 1971 e 72]. Ele e Daniel Maia já falavam do meu trabalho. Inclusive, ele colocava assim: “Tem um negro magrinho no Morro do São Carlos que faz umas coisas mais interessantes!” Ele [ri] me punha na maior… Fiquei muito amigo do Torquato. Ele deixou umas letras comigo e logo depois se suicidou. Ele já tinha essa loucura de suicídio que, porra, é muito chato. Ele era uma pessoa muito interessante, muito inteligente, muito rápida. Me surpreendeu, “Caralho, que pessoa rápida!”. Na verdade, o pessoal que subiu o morro era muito rápido. Wally Salomão, cabeça é uma loucura, a mil por hora. Torquato Neto, Hélio Oiticica, eram todos rápidos, velho! E também de olho, “Tem uma rapaziada interessante!” Claro, intelectuais, o caralho, lógico! Eu lembro do Luiz Otávio, um cineasta, também era gente boa pra caralho. Era uma turma que marcou pra caramba minha carreira.

Luiz, você cantava música dos Beatles e não sabia inglês, “éramos pobres, não tínhamos condições”. Em algum momento você sentiu que tinha que correr atrás para estar de igual para igual com outros artistas que já atuavam?

Eu não me preocupava com isso. Eu via que a gente tinha bagagem, não só eu, mas muitos compositores lá do São Carlos. Muitos compositores! E na mesma idade que eu, 17 anos, compunham bacana pra caralho. Cheguei junto, mas muitos ficaram. Agora, chego lá, uns bêbados; muitos morreram. Toda a garotada da minha época, que compunha bacana, e que nunca mais vi. Eu tinha bagagem para chegar junto, mas sem essa preocupação, até porque já respeitava os caras. Eles já estavam, né?! Quando conheci o Jards Macalé [ri]… “Esse é o cara!” [risos]. Esses eram os caras. Wally Salomão, Hélio Oiticica. Era uma turma que se identificava com a periferia.

Se você pensar, morro é samba. É uma associação automática com o samba (…) Como surgiu essa liberdade para não ficar preso somente ao samba? Como você construiu essa liberdade para compor, para fazer a sua música?

O rádio era o meio de comunicação. Só que quem tinha televisão eram essas pessoas, militares. Não era todo mundo que tinha essa liberdade, não. Então, como eu ouvia muito rádio, isso fez com que se ampliasse o meu lance musical, até porque eu ouvia de tudo. Não tinha televisão. O rádio era o único jeito. Ou senão, aos domingos, quando tinham uns grupos que se encontravam todo final de semana e faziam boleros. Na época, o bolero estava no auge, assim como música italiana. 60, 70, porra, era demais, era impressionante! Então, tinha uma rapaziada que gostava. Toda essa coisa da informação geral, velho. E com o rádio eu ouvia Jackson do Pandeiro, um programa chamado Hora sertaneja, tinha Jovem Guarda, Hoje é dia de rock, que era com o Jair de Taumaturgo [n.e. Programa veiculado na Rádio Mayrink Veiga carioca]. Uma série de programas. Esse Hoje é dia de rock era voltado para a música americana.

E você não tinha bronca de música americana, que a esquerda e a vigilância repudiavam?

A gente vivia pela música, velho. Acho que não dávamos essa importância, porque era tudo novidade, todo mundo aprendendo o primeiro, o terceiro acorde, ré maior.

Então, pelo fato de não existir uma vigilância ideológica ali (morro), aceitava-se muito mais…

Mas havia censura.

Tinha quando você desceu o morro, quando o jornalista lhe cobrou sambas.

Nada, velho! Não, não! Existia uma repressão no morro, compadre, de policiais. Os caras subiam o morro e era uma repressão fudida. Pra mim, era a mesma coisa de censura. Você não podia estar com um violão na rua. Quando os caras chegavam era pé na porta, uma coisa desse tipo. Embora tivéssemos até uma tranquilidade diferente de hoje, mas havia uma certa pressão, porque a Ditadura estava foda! Quero dizer, a gente nem descia o morro. Não podia nem descer! Agora é que descem. Nego brinca, tira onda e rende. Agora, fudeu! Abriram mão, fudeu! Mas existia também uma repressão, não sei se era mais leve, porque a gente ficava ali, preso naquele espaço e o couro comendo lá embaixo, o couro comendo no Brasil em geral.

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Mas antes da Gal gravar “Pérola negra”, quando ainda você fazia dupla com o Mizinho, ou mesmo com Os Instantâneos, como você imaginava que era ser artista? O que significava para você?

Imagina que ser artista era se dar bem, não estar naquelas condições em que estava vivendo. Você gostaria de ter um carro, você queria ter uma vida melhor, você queria ter mais condições de vida. Na minha família, eu tive tias muito mais fudidas que eu, que eu via no dia a dia, quando ia a Bangu, nos bares, e ficava na casa delas. Era uma pobreza imensa. Éramos milionários comparados com certas tias minhas que moravam na Zona Norte. Até porque meu pai era funcionário público e podia bancar um estudo pra mim. Eu é que não quis porra nenhuma! Estudei até… Fiz admissão. Você lembra de admissão, velho?

Você serviu em 1969?

Foi. [sem muita convicção]. Barra-pesada. Vi uns lances sérios pra caralho. Ditadura! Você sabe como é escoltar os caras, todos encapuzados, terroristas, o caralho? Aquelas situações desagradáveis. Até porque não queria viver aquilo.

E foi no Exército que você se tocou do que estava acontecendo no Brasil, ou você já tinha essa consciência?

[ri] Eu procurava não querer participar, porque eu via tudo. Via o meu pai – que era muito político. Meu pai era chegado pra caralho.

De direita?

[ri] Era um pouco das duas [risos], dependia muito de como… Era um cara que ficava em cima do muro, porque negro…

Funcionário público.

Funcionário público. Era foda! Quando a coisa apertava, “Vou ser da direita”. Quando a coisa apertava, “Vou ser da esquerda”. [ri] É engraçado, mas, porra, era visível essa coisa, ele queria proteger os filhos, como muitos queriam proteger os seus, e poucos conseguiram.

Você ingressou no serviço militar como? Obrigatório?

Obrigatório, não teve jeito.

Última baixa?

Última baixa, lógico! Quase fui expulso e tudo. Eu não estava a fim de servir ao Exército, porra nenhuma! Lá também toquei muito, gostava de ficar com o violão. Conheci muitos amigos interessantes, legais, embora não encontre mais com eles, mas foram amizades legais pra caramba. Tenho até saudade de alguns.

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Luiz, você estava falando da sua relação com o sucesso e do medo. O que é um sucesso saudável?

Sabe o que eu acho um sucesso saudável? É você fazer a sua música, ela ser veiculada em todas as cidades, para que as pessoas saibam do seu trabalho – o que você está escrevendo, independentemente de melodia. A sua letra, a sua mensagem. E ter uma vida sem frescuras. Sem, porra, ir a muita televisão, rádio. Toda hora estar ali, isso não curto muito, não! Quando em quando fazer algo e uns trabalhos como esse aqui, agora, “Vamos dar entrevista?” Pô, para a rapaziada ca-be- ça! [risos] É, compadre, sem um chato. De vez em quando tem umas pessoas que não sabem nada de mim. Nessas viagens que faço por aí, não sabem do que está acontecendo, ou nunca souberam. Aí, é muito chato. Mas é isso. Conforme o Dorival Caymmi tenta viver. Tran-qui-li-da-de! [risos] É, sem pressão.

Luiz, o que você tem visto pelo Brasil, por meio de suas caminhadas?

Muita música boa. Tenho uma quantidade de discos da rapaziada que não gravou, que não tem uma gravadora independente, posso dizer assim. E quando ouço em casa é um barato. Umas canções bacanas pra caramba.

Muitos consideram surrealistas suas letras, pelo menos as de algumas épocas. Você concorda com esse tipo de classificação?

Tudo bem, não me incomodo com isso, até porque não tenho outra maneira de escrever, velho. Escrevo assim. Não é afirmação, mas é assim. Desci o morro e os caras curtiram. Quando Wally Salomão viu, “Que interessante a maneira como ele escreve!” O surrealismo é uma maneira… Até o Hélio Oiticica. [ri] Mais surrealista que esse compadre, né? E ele falou, “Lindo, que coisa mais interessante!” Pô, não tenho outra maneira. Mas tenho vontade, gosto de escrever. Não gosto de ter um vínculo. Gosto de jogar as palavras sem metas ou com metas.

Você tem todo o Chet Baker. De seus álbuns que eu ouvi, Retrato do artista quando coisa é o mais romântico que achei. Mencionou, também, que sempre foi romântico. Que romantismo é esse?

Talvez venha do rádio, velho. Eu ouvia muito bolero e muita música romântica rolava. Principalmente na Jovem Guarda esse sentimento foi muito marcante. E até o sentimento do morro, dessa coisa que todo mundo queria tanto resolver. Então, havia esse romantismo, um sofrimento, uma vontade de resolver coisas. Geralmente a música mais doce era a que mais pegava, era a que acentuava os nossos corações, pelo menos o meu. Essa coisa foi muito marcante. Na maioria das minhas músicas, se você perceber, as letras são bem porradas, mas a linha melódica é bem legal, é bem interessante.

Luiz, você tem alguma bronca ou ressentimento com esses medalhões da música que acabaram sendo intitulados de MPB (Caetano, Chico, Gil)? Não digo pessoalmente, mas pelo que eles

Não é mágoa, mas para essas viagens fora do país, há uma seleção. Impressionante! E a música brasileira é maior que essa turma, porra! Essa coisa é meio “indignante” – será que essa palavra é certa? Deixa você indignado, até quem trabalha contigo, como empresário, porque ele sempre manda trabalhos, sempre está se comunicando com os caras lá fora, e nunca acontece. São sempre essas mesmas pessoas. Aí, fica meio estranho.

Enfim, para fechar. Você sente saudade de quê? Dos anos 60, 70, da infância?

Ah, tenho, pô! Principalmente da minha infância. Você não tem, não?

E do que mais você tem saudade?

Olha só, na minha infância, do Seu Baldo, desse cineminha que tinha lá no São Carlos, da minha vó, que morava no Jacarezinho, que era maravilhosa. Eu ia sempre pra lá soltar pipa. Saía do São Carlos, do Jacarezinho, porque era assim, de quilombo pra quilombo, e encontrava com a minha vó. Ela morreu com 104 anos. Então, é marcante, uma lembrança fantástica. Eu lembro que em cima do barraco tinha umas abóboras, uns pés que cobriam o barraco, mas era muito foda…

Luiz, e como você se vê lá para a frente, a sua velhice. Você vê uma velhice produtiva, ainda?

Ah! Claro! Creio que a produção não seja em quantidade, mas o trabalho que você faz, acho que é mais ou menos por aí.