“Somos maioria”, afirma José Guimarães

Bancadas do PCdoB, PT, PDT, PSol, Rede, além de parlamentares de outras legendas, traçam estratégia para aprovar denúncia contra Michel Temer.

Por Christiane Peres 

Guimarães - coletiva - Richard Silva/PCdoB na Câmara

Um dia antes da votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados, parlamentares da Oposição se reuniram para unificar as ações em Plenário. De acordo com o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), o rito estabelecido pela Mesa Diretora será questionado, pois os deputados entendem que é preciso garantir transparência ao processo de votação.

“Não aceitaremos o rito divulgado. Vamos cobrar do presidente Rodrigo Maia aquilo que havia sido acordado conosco, ou seja, que este rito seria discutido. Não queremos votar sem transparência, de forma acelerada. Não é razoável que uma situação grave como esta seja tratada sem acompanhamento da sociedade e sem seguir o regimento da Casa”, disse Guimarães em coletiva.

A proposta apresentada pela Mesa Diretora da Câmara pode impedir o pronunciamento dos 513 parlamentares. O documento estabelece que os oradores inscritos para discussão do parecer aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania poderão usar a palavra por cinco minutos, mas após quatro oradores – sendo dois favoráveis e dois contrários – pode-se pedir o encerramento da discussão, desde que haja, ao menos, 257 deputados com registro no painel.

Uma das dúvidas, porém, continuou sem resposta. Questionado se os deputados dariam quórum à sessão, Guimarães afirmou que “dependerá da avaliação do momento”, mas garantiu que a Oposição já é maioria. “Já temos a maioria de votos, mesmo com o governo tendo montado um verdadeiro balcão de negócios”, disse.

A "compra de votos" tem sido uma das estratégias usadas pelo governo para garantir apoio em suas causas. Desde a divulgação da delação da JBS, no fim de maio, Temer já liberou mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares, o que representa 97% do total empenhado no ano. Embora o pagamento da maior parte das emendas tenha se tornado obrigatório desde 2015, o ritmo de liberação é definido pelo governo.

Para a líder comunista, deputada Alice Portugal (BA), o peemedebista está desvirtuando um mecanismo legítimo que os parlamentares têm para ajudar em suas bases.

“As emendas são legítimas, mas o que está se fazendo é um verdadeiro balcão de negócios. Montou-se a tenda no Palácio do Planalto e transformou-se emendas em moedas de troca. Lamentavelmente há uma distorção nisso tudo, o que acabará por desmoralizar esse mecanismo de atendimento social. É dramático, mas está havendo a prostituição do papel do parlamentar, usando a emenda como elemento de pagamento a determinadas posições políticas. Isso é um absurdo. Por isso, exigimos que os deputados ponham a cara nesse painel”, afirmou.