Escola nacional da CTB explica impacto da reforma trabalhista

Expor as consequências da reforma trabalhista para os sindicatos e categorias foi o objetivo da terceira aula da Escola Nacional de Formação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Ministrada pelo assessor jurídico da CTB e advogado trabalhista Magnus Farkatt, a aula lotou o auditório do Sindicato dos Marceneiros de SP.

Aula sobre reforma trabalhista escola nacional da CTB com Magnus Farkatt

Especialista em direito do trabalho, Farkatt esmiuçou os 15 pontos mais danosos da lei aos trabalhadores e sindicatos, que a partir da "deforma", como chama o especialista, estão desprotegidos e enfraquecidos.

Para o jurista, a reforma trabalhista, aprovada no dia 11 de julho, não promove crescimento. “Não existe justificativa para sua aprovação, apenas o interesse do capital. Não foi pensada para proteger os trabalhadores. Portanto, os fundamentos dessa reforma são falsos e inexistentes”, frisou.

Durante a aula, Farkatt expôs as limitações impostas ao poder judiciário trabalhista e a falta de garantias para o trabalhador. A cada ponto, o especialista fez uma comparação com as regras antigas e as atuais.

Os impactos do contrato intermitente, da prevalência do negociado sobre o legislado, prevalência do acordo coletivo sobre as convenções coletivas, da mudança no recolhimento das contribuições aos sindicatos e a liberação da terceirização das atividades, arbitragem facultativa na justiça do trabalho, já são conhecidos e preocupam sobremaneira os líderes sindicais.

“É um conjunto que promove um duplo golpe em entidades sindicais, pois limita a ação de sindicatos e elimina a sustentação financeira das entidades. Não tem como as instituições sindicais sobreviverem sem fonte que lhes assegure a sustentação financeira”, destacou.

Inibir ações trabalhistas

No entanto, além de abordar os pontos mais “temidos” da reforma, Farkatt trouxe para a discussão e elucidou regras pouco conhecidas, que inibirão a instauração de ações judiciais contra as empresas, impondo exigências que dificultam ações trabalhistas.

“O sistema foi concebido para limitar as ações trabalhistas. Para inibir o trabalhador de propor ações judiciais, de procurar seus direitos por meio da justiça, pois estabelece o pagamento de custas processuais em caso de perda, mesmo que se use a defesa pública. Ou seja, estão tirando do empregado o direito de reclamar”, analisou Farkatt.

Apesar do cenário obscuro e devastador, o especialista lembra que a resistência deve continuar: judicial e política. “Muitas medidas são amplamente inconstitucionais e vão gerar uma batalha jurídica".

“Travaremos também uma batalha política para que esse cenário seja revertido através de um outro parlamento e outro presidente da República. Depende essencialmente dos trabalhadores as conquistas de seus direitos. Vocês são chamados a permanecerem na luta sindical para barrar as medidas dessa nefasta reforma e para a reconquista dos direitos suprimidos. A luta continua”, finalizou Farkatt.

Na próxima segunda-feira (7), o tema da aula, ministrada pelo vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, será “Concepção Classista”. Sempre às 19h no sindicato dos Marceneiros, rua das Carmelitas, 149.

Assista na íntegra: