Sem quórum, governo pede para tropa de choque baixar a bola

Segundo o colunista, na avaliação do Planalto, apesar de reconhecer que os parlamentares estão se esforçando para salvar a pele de Temer, as declarações “otimistas demais” em relação aos possíveis votos que o governo terá na próxima quarta-feira (2) estão muito distantes da realidade.

A preocupação do governo é porque os parlamentares cantam aos quatro ventos que a base aliada está mais forte e que o governo tem os votos para garantir o quórum. A alucinação de alguns parlamentares é tanta, que um deles, o deputado Wladimir Costa (SD-PA), tatuou “Temer” no ombro direito. Até agora, Costa não esclarece se a tatuagem é permanente ou se é como o governo Temer.

No entanto, a votação, que vai decidir sobre o prosseguimento ou não da denúncia contra Temer, ainda está dependendo da presença de parlamentares e corre o risco de ser adiada. O discurso bravateiro do “já ganhou” da tropa de choque não está pegando bem entre os parlamentares.

Para justificar a falta de quórum, Carlos Marun (PMDB-MS) diz que os parlamentares da oposição estão tentando adiar a votação da denúncia contra Temer (PMDB). Segundo Marun, “a responsabilidade de ter ou não quórum” é da oposição.

“Eles é que querem a saída do presidente, para isto ocorrer precisam ir para votação, mas a base está confiante e vê a vitória neste embate como certa”, disse o deputado.

Mas as contas demonstram o contrário. Para aprovar o prosseguimento da denúncia, a oposição precisa de 342 votos. O que significa que o governo precisa que apenas 172 deputados votem a favor de Temer ou se abstenham.

Mas o governo, que antes tinha maioria, vive um impasse com o seu principal aliado: o PSDB. Com cerca de 200 votos, a bancada tucana na Câmara tem defendido a saída da legenda do governo, contrariando caciques como Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG).

Enquanto nos bastidores a cúpula tucana manobra para manter Temer, em público o discurso é o silêncio. Questionado sobre a sua posição em relação à votação da denúncia, Alckmin desconversou e preferiu não fazer a defesa pública de Temer, apesar de manobrar para mantê-lo no poder.

“Esse é um tema que cabe aos deputados federais, cabe ao partido decidir. Já o fez na Comissão de Constituição e Justiça e o fará agora no plenário”, disse ele. Na CCJ, dos sete deputados tucanos, cinco votaram contra Temer.

De acordo com parlamentares ouvidos pelo Vermelho, o governo até tem os votos para barrar a denúncia, mas a dificuldade é fazer os deputados irem até o microfone declarar o voto.

Com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, após a delação dos empresários da JBS, e com a impopularidade recorde, poucos parlamentares querem colocar a cara a tapa para salvar a pele de Temer.

Carlos Marun (PMDB), aliado do presidente, ponderou que a responsabilidade de “ter ou não quórum” é da oposição. “Eles é que querem a saída do presidente, para isto ocorrer precisam ir para votação, mas a base está confiante e vê a vitória neste embate como certa”, declarou.

Outro a vitaminar os números é o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). “Todo mundo vai dar presença. Essa foi a orientação”, disse Perondi em entrevista no fim de semana, após acompanhar Temer em visita ao Rio de Janeiro.

Segundo ele, a situação de Temer “melhorou” nos últimos dias. “Discutimos os números e a conclusão foi boa. Melhorou. (…) A ideia é não dizer número. Estamos animados, mas sem salto alto”, completou.