Para centrais, queda da Selic é insuficiente diante do cenário atual

De acordo com as centrais sindicais, a redução de 1 ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros demonstra que o governo segue com política conservadora que privilegia o mercado financeiro e desestimula a geração de empregos

Força Sindical - Foto Jaelcio Santana/ Fotos Públicas

Nesta quarta-feira (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic), de 10,25% para 9,25% ao ano. As centrais sindicais rebateram a decisão do Comitê destacando que a queda ainda é pequena diante da recessão e da necessidade de melhora da economia do país.

O presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, explicou em nota que a decisão do governo vai contra a produção e geração de emprego e ainda pune o setor produtivo em prol da especulação.

Já a Força Sindical destacou que o governo frustrou os trabalhadores com a queda de 1 p.p. e ainda disse que esperavam mais “ousadia” na redução, pois com a elevada taxa de juros e a economia estagnada, os investimentos no setor produtivo ficam parados, sem gerar novas ocupações.

Diante de um cenário com 14 milhões de desempregados no país, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e da CNTM e vice-presidente da Força Sindical, informou que o governo continua seguindo seus interesses e do setor financeiro em detrimento da saúde, da educação e da moradia.

Além disso, a Selic – que serve como base para o cálculo dos juros das instituições financeiras, ou seja, quanto maior a taxa, mais altos serão os juros do mercado – mesmo com essa pequena redução segue alta. Os juros do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito, por exemplo, continuam em mais de 320% ao ano, inviabilizando o pagamento de dívidas.

Confira as notas na íntegra:

Redução da taxa Selic em 1 ponto é maracutaia

Faltou coragem ao Governo para apostar no Brasil. A redução da taxa de juro Selic em 1 ponto demonstra mais interesse em estimular a especulação do que a produção. Com essa decisão o Governo jogou contra os 14 milhões de desempregados, fazendo "maracutaia" contra a produção e a geração de emprego. Numa economia agonizante, cambaleando e que se comporta mais como o boneco "João Bobo", e cuja inflação esta em pouco mais de 3,5% ao ano, manter a taxa Selic em 9,25% é punir o setor produtivo e encher os cofres dos especuladores.

Promover uma queda drástica na taxa de juro é demonstrar que o caminho para tirar a economia da estagnação começa a ser traçado e que é possível acreditar que os empregos vão voltar mais rápido, com investimento no setor produtivo e, assim, acreditar que Brasil volte a crescer. Agora só resta esperar mais 45 dias, quando o Copom fará nova reunião, e a nova taxa Selic será anunciada para sabermos que caminho o Governo quer seguir.

Ricardo Patah
Presidente Nacional da UGT

Nota dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi e CNTM sobre a taxa Selic

Corte dos juros continua insuficiente

O corte de 1 ponto percentual na taxa Selic, definido nesta quarta-feira (26) pelo Banco Central, é insuficiente para estimular os investimentos e a geração de empregos, para diminuir a inadimplência de milhões de consumidores do País, tirar centenas de famílias de trabalhadores das ruas.
A taxa caiu de 10,25% para 9,25% ao ano. E daí? Os juros do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito, por exemplo, continuam em mais de 320% ao ano, inviabilizando o pagamento de dívidas.
O Copom/governo não acordou para o fato de que o corte tem que ser drástico e não a conta-gotas, diante do tamanho do desemprego e da necessidade do País de retomar o seu crescimento econômico e social.
O governo continua privilegiado os juros que sufocam a economia, seus interesses próprios e do setor financeiro em detrimento da saúde, da educação, da moradia, do emprego e da dignidade da maioria dos brasileiros e brasileiras.

Miguel Torres, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e da CNTM e vice-presidente da Força Sindical

Nota da Força Sindical sobre a taxa Selic

Ao optar por cortar os juros em um (1) p.p, o governo, mais uma vez, frustra os trabalhadores, que esperavam mais ousadia. A taxa Selic continua extremamente proibitiva, e o Brasil perde outra chance de apostar no setor produtivo devido ao excesso de gradualismo e conservadorismo de quem dirige a economia no País.

A redução desta taxa vai servir muito pouco para alavancar, de uma vez por todas, a combalida economia brasileira. A redução serve apenas como um pequeno alento, mas que necessita ter continuidade e ser mais contundente nas próximas reuniões da equipe econômica.

Ao segurar os juros nas alturas, o Copom segue mantendo a economia estagnada, inibindo os investimentos no setor produtivo, que gera emprego e renda. Vale lembrar que hoje são mais de 14 milhões de trabalhadores desempregados no País.

Os trabalhadores almejam por uma queda drástica na taxa de juros. Só assim a desconfiança e as incertezas quanto ao futuro serão dissipadas. Só assim os empregos ressurgirão, as desigualdades sociais serão diminuídas e o Brasil retomará os trilhos do desenvolvimento sustentado.

João Carlos Gonçalves – Juruna, Secretário-geral da Força Sindical