Bancários: Congresso Nacional debate saídas contra golpe nos direitos

A capacidade de mobilização dos bancários tem sido o combustível para que os trabalhadores do segmento estejam alertas ao cenário de retirada de direitos implementado no governo de Michel Temer. A aprovação da terceirização irrestrita, a sanção da nova lei trabalhista e o enfraquecimento dos bancos públicos são alguns dos pontos a serem debatidos na 19ª Conferência Nacional dos Bancários, que se inicia nesta sexta-feira (28) em São Paulo.

Por Railídia Carvalho

Greve dos bancários - Sindicato dos Bancários da Bahia

O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e dirigente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Augusto Vasconcelos, afirmou por telefone ao Portal Vermelho que o atual governo não tem compromisso com o desenvolvimento nacional e nem com a geração de empregos.

“A maior prova disso é a tentativa clara de esvaziar o papel dos bancos públicos: Atacam o BNDES com a extinção da Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP), o que vai encarecer os financiamentos. Diminuem as agências do Banco do Brasil, tentam retirar recursos do FGTS para transferir a bancos privados, o que dificultará a ação da Caixa; e, ao mesmo tempo, ameaçam retirar o Banco do Nordeste da operação exclusiva do fundo constitucional que atende a região”, argumentou.

Augusto contou que a pauta central da Conferência será a defesa dos bancos públicos, que sofrem ameaça de privatização por parte do governo Temer, e a manutenção do emprego.

“As demissões têm crescido na categoria e isto pode se agravar com o cenário de terceirização desenfreada já autorizada pelo Congresso Nacional e ratificada pela lei trabalhista”, ressaltou.

De acordo com o dirigente (foto), dados apontam que nos últimos dois anos a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil reduziram 24 mil postos de trabalho. “Agora vai piorar. Tem PDV ( Programa de Demissão Voluntária) aberto na Caixa e existe ainda PDV no Bradesco. Outros bancos analisam adotar a medida”, informou Augusto.

Na opinião dele, o governo mostra que o setor público é supérfluo e pode ser substituído. “De outro lado, a maior despesa que um governo possui é com o pagamento de juros, que continuam intactos”, denunciou.

Augusto também citou a taxa real de juros, atualmente em 10,25%, que se configura como a maior taxa de juros real do planeta. “Combinada com uma reforma trabalhista que visa precarizar as relações de trabalho rebaixando a massa salarial prejudicando diretamente o poder de compra da população. Tudo revela a face mais cruel de um governo que não tem compromisso com a maioria da população”.

Enquanto os bancos lucram – em 2016 o lucro foi de 60 bilhões de reais -, os trabalhadores vivem em estado de apreensão e adoecimento. As principais causas de afastamento dos bancários é a síndrome do pânico e a depressão.

“São doenças que resultam de metas cada vez mais abusivas e que se refletem em doenças psíquicas”, afirmou Augusto. Ele ressaltou, no entanto, que mesmo sofrendo claras ameaças ao emprego e para atingir metas abusivas a mobilização dos bancários se mantêm.

“Os bancários demonstraram força nas duas greves geral. Mesmo com a ameaça de corte de ponto e perseguição nas agências milhares de trabalhadores cruzaram os braços para enfrentar os desmandos do atual governo”.

Segundo Augusto, a Conferência será o espaço de reflexão para os bancários aprofundarem a avaliação da atual conjuntura e traçarem os planos de lutas. A expectativa é que o evento reúna de 700 a 800 bancários de todos os estados do país e todas as agências.

A Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe terá 29 representantes eleitos na última conferência interestadual. “Na conferência serão analisados dados, haverá um discussão rica e um ato da Frente Parlamentar em defesa dos Bancos Públicos e também aprovaremos a pauta de reivindicações que iremos levar para as negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban)”, explicou o dirigente.

Augusto reforçou que o movimento sindical precisa disputar os rumos do país. “O caminho é fortalecer a mobilização popular e esclarecer a sociedade dos perigos deste programa neoliberal que visa, na prática, esfacelar as conquistas sociais para preservar os interesses do sistema financeiro. Ao contrário de resolver a crise estas medidas podem aprofundá-las levando o pais a uma espiral ainda maior de depressão econômica”.