66% das micro e pequenas empresas não pretendem investir

Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), boa parte dos micro e pequenos empresários brasileiros não pretendem fazer investimentos em seus negócios ou pegar empréstimos nos próximos meses.

Pequenos negócios estão abandonados à própria sorte em pandemia (Foto: Reprodução)

O Indicador de Propensão a Investir teve uma ligeira queda em junho, ficando em 26,6 pontos, contra 27,2 pontos registrados em maio. No mesmo mês do ano passado, ele estava em 21,4 pontos.

A pesquisa mostra que 66% dos micro e pequenos empresários não pretendem fazer investimentos nos próximos três meses, sendo que 31% dos entrevistados citaram a desconfiança diante da crise como o principal motivo.

Outros 37% afirmam que não têm necessidade de fazer melhorias em seus negócios, 12% estão esperando o retorno de investimentos feitos recentemente e 10% reclamam da falta de crédito.

Entre os 19% que pretendem investir, os empresários devem priorizar a ampliação do estoque (33%), compra de equipamentos e maquinário (27%), reforma da empresa (24%), investimentos em comunicação e propaganda (15%) e ampliação do portfólio de produtos (13%).

50% destes micro e pequeno empresários dizem que querem investir para aumentar o volume de vendas, outros 14% para adaptar seu negócio às novas tecnologias e 12%, para otimizar os recursos.

60% afirmaram que os juros bancários estão muitos altos, e, por isso, a principal fonte de recursos para os investimentos virão de capital próprio: 44% por meio de recursos em forma de aplicação e 11% através da venda de algum bem. 7% demonstraram receio de não conseguir pagar os empréstimos.

No indicador da demanda por crédito, houve aumento de 13,1 pontos para 15,2 pontos. 81% dos empresários entrevistados dizem que não pretendem contratar crédito nos próximos 90 dias, contra 7% que querem contratar empréstimos e outros 12% que estão indecisos.

40% diz que não irão contratar crédito porque conseguem se manter com recursos próprios, enquanto 19% se sentem inseguros com as condições econômicas do país. Os juros altos foram citados por 18%.

A maior parte dos empresários consultados (35%) disse considerar difícil conseguir empréstimos e financiamento, enquanto 20% dizem que é fácil. Para os que apontam dificuldade na obtenção de crédito, 43% citaram a burocracia como obstáculo e 40% os juros elevados.

Entre os que consideram fácil conseguir empréstimos, o bom relacionamento com o banco (46%), estar sempre com as contas em dia (14%) e ter documentação regularizada (14%) são fatores que ajudam na liberação do crédito.

“A recessão e o alto custo de capital tornam os empresários mais cautelosos diante da possibilidade de expandir seus negócios e de assumir dívidas”, diz Honório Pinheiro, presidente da CNDL.

Já Marcela Kawauti, economista da SPC, aponta que “políticas que reduzam o custo do crédito e retirem os entraves para contratação, sem aumentar o risco dos bancos, podem traduzir-se em oportunidades de expansão de muitos negócios”.