Governo Queniano quer cortar acesso às redes socais na eleição

As redes sociais no Quênia podem ser cortadas pelo presidente Uhuru Kenyatta na primeira semana de agosto devido as eleições que ocorrem no dia oito de agosto. A medida ocorreria para impedir que falsas informações circulem

Por Carolina Marcheti

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O Quênia é todo dividido em tribos que tem suas próprias línguas e costumes (embora todos falem inglês e kiswahili, as línguas oficiais). Na política, não é diferente, os partidos políticos são afiliados a tribos e embora o país tenha 42 grupos étnicos, apenas dois grupos governaram a nação desde a sua independência: os Kikuyo (grupo do atual presidente) e os Kalenjin.

O governo queniano quer barrar a liberdade de expressão online porque como há muitas tribos rivais, pode ocorrer na rede discursos de ódio, difamações e principalmente indivíduos querendo falar mal do governo atual que de acordo com a queniana estudante de direito Lucy Opoka, “fez diversas promessas que não cumpriu e ainda houve casos corrupção e escândalos”.

Lucy Opoka discorda com a ideia do governo de cortar as redes sociais

Opoka discorda das decisões do governo sobre o bloqueio das redes sociais, “Eu não acho que seja bom e não faz sentido, é uma tentativa de barrar a liberdade de expressão porque muitos quenianos são ativos nas redes sociais e na época das eleições o povo se manifesta mais sobre isso e intimida o governo”.

Diversas revoltas começam a partir das redes sociais. A primavera árabe, que ocorreu em países do norte africano e do oriente médio foi possível graças ao uso dessas redes. De acordo com o relatório da Dubai School of Government, nove em cada dez tunisianos e egípcios afirmaram ter usado o Facebook para organizar os protestos e aumentar a participação da população nas manifestações.

Lucy Opoka reitera esse medo de possíveis revoltas lembrando do que ocorreu nas eleições de 2007. Nesse ano, houve a suspeita a partir de grupos rivais ao vencedor de que a votação tivesse sido manipulada, com isso, começou um discurso violento por parte dos que perderam as eleições e que se transformou em violência étnica e houve diversos assassinatos tribais e violência em toda a nação, onde cerca de 1300 pessoas foram mortas e 300 mil se refugiaram em países vizinhos.

Por último, a estudante de direito que tem pais de diferentes tribos espera que não ocorram mais violências étnicas mas acredita que a utilização das mídias é essencial para um debate político e saudável.